sábado, 23 de junho de 2012

O ABANDONO ESCOLAR - 2


                             O papel do professor

Foi referido em crónica anterior que a família pode constituir-se num factor crucial para o abandono escolar. Ela, no entanto, não é a única instituição que nele tem responsabilidades. À escola cabe um papel primordial para que o aluno continue nela, se valorize e possa, um dia, dar o seu contributo à sociedade.
É nas primeiras experiências escolares que as dificuldades nas aprendizagens se começam a sentir. Se, depois, em anos subsequentes, elas foram reforçadas através de veredictos escolares negativos, de repetências repetidas, o aluno vê-se constantemente confrontado com o insucesso.
Para interromper este caminho, duas vias, em simultâneo, terão que ser percorridas. Uma, de carácter psicopedagógico, centra-se na acção do professor. A outra, de cariz curricular, tem a ver com a existência de currículos alternativos.
Relativamente à primeira via, a psicopedagógica, ela consiste, fundamentalmente, em o professor, mais do que reforçar os erros cometidos pelo aluno, tentar valorizar aquilo que ele fez de bem, ainda que pouco seja. O aluno sente-se estimulado a prosseguir quando vê que algo do que produz merece consideração positiva.
Depois, há que ensiná-lo a estudar, a compreender aquilo que lê.
Interessa, ainda, que o aluno saiba, concretamente, o que se pretende dele, quais as metas que deverá alcançar. Estabelecer-lhe, com precisão, os objectivos que deverá atingir, mostrar-lhe confiança no trabalho que está a realizar, são actos do professor que podem contribuir para que o aluno se empenhe no estudo e consiga mudar para a rota do sucesso.

                                            Mário Freire