terça-feira, 19 de julho de 2011

O ENSINO NA 1ª REPÚBLICA - 7

                              
                                 (A propósito de uma exposição)

                                 A Educação Cívica e Patriótica

            A educação cívica foi um dos aspectos mais salientados pelo ensino da 1ª República. Esta educação consistia, antes de mais, em formar o aluno para a liberdade, fazer dele uma pessoa autónoma, que pudesse pensar pela sua própria cabeça, que tomasse iniciativas. Viu-se, em textos anteriores, como é que, através da corrente pedagógica da Escola Nova, nas múltiplas actividades que esta sugeria, poderia ser proporcionada essa formação.
            Mas a liberdade, segundo os ideólogos desta época, só tem lugar em solidariedade. Para isso, o exemplo é elemento fundamental. Ora, este tem múltiplas oportunidades de ser posto à prova através da prática da generosidade e da entreajuda, dentro da sala de aula e fora dela. Um Decreto de 25 de Agosto de 1911, relativamente ao ensino infantil (comum aos dois sexos, entre os 4 e os 7 anos), identificava como um dos objectivos “o desenvolvimento dos sentimentos morais: o sentimento da solidariedade social, o sentimento da disciplina e da ordem, da justiça, da própria dignidade em geral – o sentimento do dever e a consciência do direito”.
            Vê-se, por este excerto da prosa oficial, quão longe ficaram os desejos manifestados da realidade que, depois, foi vivida, através das múltiplas convulsões por que passou a República desses primeiros anos!
            Tem-se falado, até aqui, de educação cívica. Mas o título deste texto contém, ainda, uma outra componente: a educação patriótica.
O projecto educativo da República passou pela laicização do ensino, retirando à Igreja Católica a importância que, até aí, detivera. Pretenderam, então, substituir muitos dos ícones e das práticas que tinham estado em uso pelo culto da Pátria e dos símbolos que a representavam: a bandeira, o hino e os heróis nacionais.
O patriotismo implicava que todos os cidadãos estivessem preparados para defender a Pátria com armas na mão e, se necessário, dar a vida por ela. E para melhor concretizar o seu conceito, o hino e a bandeira eram como que os símbolos sagrados, em relação aos quais todos deveriam respeitar, homenagear, quase venerar. Igualmente, a evocação de todos aqueles que se destacaram, ao longo da História, muito especialmente os que estavam ligados à expansão ultramarina, constituíam modelos com os quais as novas gerações se poderiam identificar.
Houve erros e exageros durante a 1ª República? Sem dúvida! Mas, revisitando a História dessa época, talvez melhorássemos um pouco se tentássemos trazer para dentro das escolas e da sociedade alguns dos valores cívicos que, então, se proclamavam. 

                                                                                       Mário Freire