segunda-feira, 11 de julho de 2011

A DISCIPLINA NA ESCOLA - 6

                        
                             Para além das matérias a leccionar                                      

            O currículo da escola, na sua acepção mais ampla, não é constituído, apenas, pelas matérias que são leccionadas, mas também pelos resultados que se pretendem alcançar, pelos métodos e processos que têm lugar e, ainda, pelas interacções existentes.
            Isto significa que os alunos aprendem atitudes, comportamentos, modos de pensar e de agir que decorrem das atitudes, comportamentos, modos de pensar e de agir daqueles com quem contactam, especialmente os que sobre eles exercem maior influência. Ora, são todos estes aspectos que fazem da escola, de um modo mais ou menos explícito, um emissor de mensagens cujo conteúdo ultrapassa o das matérias dos programas. Ele situa-se já na esfera dos valores. Coloca-se, então, a questão de saber que tipos de valores deve ela promover.
            Em crónica anterior tive ocasião de referir quanto de importante é o aluno participar no estabelecimento das regras que regem a sua própria conduta. Ensinando a participação, a escola está a formar cidadãos responsáveis e intervenientes na sociedade.
            Mas esta formação não passa, exclusivamente, pela participação. O aluno tem que sentir, através de uma cultura de exigência que impregne a escola, que o trabalho e a responsabilidade são valores presentes em toda a comunidade escolar. Ao adquirir hábitos que conduzam à valorização do seu esforço e ao ver referências relativas à assunção e cumprimento dos compromissos por parte daqueles que os influenciam, o aluno está a construir capacidades que o ajudarão a ser uma pessoa mais autónoma e responsável.
            Nas múltiplas reuniões que os professores fazem, talvez fosse útil em algumas delas, para além da análise do que se faz na sala de aula relativamente ao ensino das matérias, debater as mensagens que a escola emite e se elas têm a ver, verdadeiramente, com a participação construtiva do aluno, com a importância do trabalho e com o desenvolvimento do sentido da responsabilidade que cada um deve a si próprio e aos outros, dentro da comunidade escolar. Numa escola onde houvesse estas preocupações talvez os actos de indisciplina fossem menos frequentes.

                                                                                               Mário Silva Freire