Um grupo de alunos, dois
do 6º ano, sete do 5º e quatro do 4ºano, reuniram-se numa escola de Gagny, uma
cidade situada a 10 Km a Este de Paris. Era um grupo heterogéneo mas unido, no
propósito de combater a violência no ambiente escolar. Entre eles, um dizia-se
precoce; um outro era considerado como agitador; um terceiro já tinha passado
pelo conselho disciplinar; o quarto, uma rapariga assídua, uma outra
considerada introvertida… Todos se apresentaram como voluntários para
participar numa acção de formação, durante cinco meios-dias, podendo, então, tornarem-se
mediadores dentro de suas escolas.
"O mediador é um elemento
capaz de ouvir os outros mas com a capacidade de se manifestar antes de a
tensão aumentar e, assim, de a anular” diz um jovem de 13 anos, integrante do
grupo.
Ora uma das causas da
violência na escola pode residir, desde logo, na família. A ausência de um pai
ou a presença de um pai violento podem gerar comportamentos agressivos nas
crianças e adolescentes e levá-los à violência, no meio escolar. Por outro
lado, as discussões dentro do casal ou mesmo as agressões na presença dos
filhos são contribuintes para a aquele tipo de violência. Acrescentem-se, ainda,
uma situação económica deficiente ou um mau funcionamento da família.
Quando um adolescente
tem como cena quotidiana em casa a violência, ele passa a interiorizá-la. E
quando encontra oportunidades, ele pratica-a como instrumento de intimidação,
não se auto-condenando.
Há, então, colegas
que, estando dentro dos mecanismos que podem conduzir à violência, têm
condições para intervir de forma construtiva de modo a abortar dada situação de
violência, dentro ou fora da escola.
Perante os múltiplos
casos de violência em ambiente escolar, valeria a pena formarem-se professores e
psicólogos neste tipo de matérias e, depois, organizarem grupos de alunos, especialmente
líderes, e com eles estruturarem-se estratégias de mediação escolar. Seria um
caminho para fazer face a situações de violência na escola, intoleráveis nos
dias de hoje.
Mário
Freire