Pisco-ruivo vem banhar-se,
dia a dia, em meu jardim.
Sai da água a espanejar-se.
Volta à pia, rito sem fim.
É intenso o seu viver,
mas sem ares de frenesim.
Traz enlevo o seu prazer.
Belo exemplo, quanto a mim.
Nesta cena divertida,
mostra a ave, de certeza,
qual a chave do segredo:
O deixar fruir a vida,
ao sabor da natureza,
livremente, sem apego.
João d’Alcor