terça-feira, 15 de setembro de 2015

UMA ENCÍCLICA PREOCUPADA COM O AMBIENTE





O Papa Francisco publicou a sua nova encíclica 'Laudato si'. Não é a primeira vez que um Papa se debruça sobre os temas ambientais mas, uma encíclica inteiramente dedicada ao ambiente, é uma novidade.
A longa espera que precedeu a publicação da “Laudato si', gerou uma grande expectativa. Ao lê-la, pode encontrar-se uma continuidade com pontificados anteriores, especialmente com os escritos de São João Paulo II e do Papa Bento XVI. O termo "ecologia humana", que se refere à centralidade da pessoa humana na questão ecológica, numa perspectiva distinta da dos ecologistas e dos tecnocratas, foi já usado por João Paulo II. Se é verdade que os seres humanos são a causa do desequilíbrio actual, cujas consequências caem sobre os mesmos homens e sobre toda a natureza são, ao mesmo tempo, protagonistas da mudança. Dessa forma, a questão ecológica não pode ser separada de outras questões com ela relacionadas, que dizem respeito à economia, à pobreza e à religião que, juntas, contribuem para o bem comum.
O progresso moderno, trouxe-nos muita comodidade e sanou muitas dificuldades. No entanto, enquanto a tecnologia tem, sem dúvida, melhorado a qualidade de vida, estamos apenas a começar a reconhecer os muitos problemas ambientais que daí resultaram. Clima, biodiversidade, poluição da água, poluição do ar, energia, resíduos, são aspectos da crise ambiental mundial, numa abordagem nova e prática, na encíclica do Papa Francisco, inteiramente dedicada à protecção do planeta.
O Papa afirma: “A humanidade é chamada a tomar consciência da necessidade de mudar o seu estilo de vida, de produção e de consumo, para combater as alterações climáticas ou, pelo menos, as causas humanas que o provocam ou agravam”. E, acrescenta a encíclica, na mesma linha do que cientistas e políticos têm vindo a seguir nas últimas duas décadas: “As alterações climáticas são um problema global, com graves implicações ambientais, sociais, económicas, distributivas e políticas e constituem um grande desafio para a humanidade”.
 O clima não é senão um dos tópicos abordados pela encíclica. O texto preocupa-se com tudo o que diga respeito à crise ambiental – ou seja, à forma como a humanidade está a desestabilizar o planeta. Francisco cita os efeitos da poluição atmosférica, que “provocam milhões de mortes prematuras”, e fala do problema dos resíduos. “A Terra, nossa casa, parece transformar-se cada vez mais num imenso depósito de lixo”, afirma.
É também referido o risco de extinção de espécies, com o alerta de que os animais e as plantas não são apenas “recursos exploráveis” mas têm “um valor intrínseco”. O papa reflecte ainda sobre os problemas de acesso à água, criticando a tendência de privatização deste recurso fundamental para a vida humana, levada a cabo já em diversos municípios portugueses, que se torna assim “uma mercadoria sujeita às leis do mercado”.

                                        FNeves