Todos nós,
diariamente, nos confrontamos com problemas, uns de fácil resolução, outros,
por vezes, que nos impedem de dormir. Há problemas que nós próprios criámos,
fruto da nossa insensatez, inexperiência ou falta de estudo das situações e a
sua resolução pode depender de nós mesmos. Outras vezes, são os problemas que
vêm ter connosco, sem que nós tenhamos contribuído para a sua existência e a
sua resolução pode não depender exclusivamente de nós.
Em qualquer das
circunstâncias, temos que saber como enfrentar esses problemas, sejam eles de
saúde, conjugais, financeiros, educacionais… e, depois, tentar resolvê-los. Se
os seus conteúdos são diferentes, algumas das maneiras como eles são abordados
poderão ser idênticas.
Ora, a escola talvez
pudesse preparar melhor para a vida se proporcionasse, nas diferentes
disciplinas, situações problemáticas em que os alunos as tentassem resolver,
individualmente ou em grupo. O trabalho de grupo permite uma maior confrontação
de ideias, uma melhor explicitação dos argumentos, uma análise da situação
segundo vários enfoques. É preciso envolver o aluno na construção do seu saber,
na identificação de problemas e depois na sua resolução. Claro que esta
metodologia não é compatível com os alunos estarem sentados de costas voltadas
uns para os outros a ouvir o que o professor lhes diz mas, antes, uma outra que
implique a organização do espaço-aula de maneira diferente e que suscite uma
nova maneira de apresentar os conteúdos das matérias a estudar. Além de que
muitos dos problemas disciplinares deixariam de existir!
Como resolver, então,
um problema? Muito sumariamente diria que há que caracterizá-lo o mais
objectivamente possível, analisá-lo nas partes em que é susceptível de ser
dividido, propor questões que contribuam para o clarificar, encontrar
propostas, ainda que provisórias, para a sua resolução e, depois, estabelecer
um plano que possa ir ao encontro de uma solução. Uma vez executado o plano, há
que interpretar os dados recolhidos, sintetizá-los para, depois, chegar a uma
solução. Claro que nem sempre aquilo que foi planeado, devido a circunstâncias
inesperadas, pode ser executado. Mas é no confronto com as dificuldades e na
procura de soluções para um problema que o aluno se avalia, avalia o caminho
percorrido e se fortalece nas suas capacidades. E estando sempre presente o
professor para ajudar, clarificar, questionar...
Mário Freire