Os meios de
comunicação social invadem-nos a toda a hora sobre comportamentos considerados menos
claros quer de políticos, quer de altos funcionários administrativos, quer de
banqueiros, quer de empresários... Por sua vez, muitas famílias, devido à sua
desestruturação, não se encontram em condições para serem padrões de conduta
compatíveis com modelos éticos para os seus filhos. É certo que o Estado
garante condições para o ensino da religião e moral nos estabelecimentos de
ensino público não superior. E essa garantia, podendo contribuir para dar aos
alunos certos valores nesse domínio, só é acolhida por alguns. Há, ainda, fora
da escola, a possibilidade de as crianças e os jovens frequentarem actividades
em organizações que lhes possibilitam a aquisição de valores éticos (por
exemplo, o movimento escutista).
De qualquer modo, no
tempo em que vivemos, a escola é um dos redutos onde esses valores podem ser
ensinados com proficiência. Ora, ela tem sempre a possibilidade de ensinar
comportamentos éticos, quer através das decisões tomadas pelas direcções das
escolas, quer dos comportamentos e atitudes dos professores dentro e fora da
sala de aula, quer através dos conteúdos curriculares da maioria das
disciplinas. O que interessava é que houvesse uma política de escola que
considerasse os valores éticos como fazendo parte do currículo oculto, o qual,
porém, poderia expressar-se nos modos e estratégias utilizadas nas várias disciplinas.
A maior parte das
escolas tem normas de conduta que regulam as relações entre os seus intervenientes.
Mas, mais do que isso, interessaria que os alunos internalizassem dois ou três
princípios, nas suas relações com os outros, dentro e fora da escola. Um deles
seria o de não fazer aos outros o que não desejariam que lhes fizessem. Outro,
seria o de acreditarem que é melhor para a sociedade e para eles próprios obedecerem
às regras e às leis estabelecidas do que não obedecer. Outro, talvez já não
acessível à maioria, seria o de agirem de acordo com os valores que
assimilaram, não importando as opiniões dos outros. É a coerência dos
princípios que se defendem com as atitudes que se tomam. Um bom princípio para
todos nós!
Mário Freire