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Textura
Esta importante
característica do solo é definida pela dimensão das partículas terrígenas nele
contidas, encaradas como elementos de uma população, neste caso, a respectiva
componente mineral. Por influência dos
colegas franceses, o estudo desta característica tem sido designado, entre nós,
pela maioria dos autores, pelas expressões granulometria e análise
granulométrica. Amplamente divulgadas na bibliografia científica da
especialidade e nos manuais e outros textos dirigidos ao ensino, estas duas
expressões, sinónimas entre si, apenas são correctas quando aplicadas aos
sedimentos arenosos, siltosos e argilosos. Não o são, em rigor, quando se
referem aos clastos grosseiros como são os calhaus, os seixos e outros ruditos . Com efeito, o elemento grânulo (diminutivo
de grão), usado na composição destas expressões, não é coerente com o carácter,
por definição, grosseiro de conglomerados, brechas, cascalheiras, conheiras,
moreias, etc.. Ao preferirem as designações textural analysis, mechanical
analysis e size analysis, os autores
anglo-saxónicos encontraram maneira de contornar esta incoerência.
Pioneiro da investigação sedimentológica,
Soares de Carvalho, Professor jubilado da Universidade do Minho, com obra
publicada neste domínio, propôs para este tipo de análise, em 1968, o nome
dimensometria, que abandonou em favor da expressão análise dimensional,
(equivalente do inglês size analysis) no que tem sido seguido por outros
autores nacionais. Uma vez que, como se referiu atrás, as dimensões dos elementos terrígenos são
usadas na definição das texturas clásticas, a expressão análise dimensional é, de facto, sinónima de análise
textural. A outra expressão equivalente – análise mecânica – pouco ou nada
usada entre nós, decorre, e bem, do capítulo da física, no qual se fundamenta
este tipo de análise baseado, em especial, na crivagem, na queda por gravidade
e na dinâmica dos fluidos. Não obstante as razões aduzidas, granulometria e
análise granulométrica são hoje expressões generalizadas e consagradas entre muitos
profissionais portugueses que utilizam esta técnica analítica (geólogos,
pedólogos, geógrafos, engenheiros, etc.) e, como tal, ganharam direito a
figurar no nosso vocabulário. Em conclusão, acentua-se que as expressões
análise textural, análise dimensional, análise mecânica e análise
granulométrica ou granulometria são sinónimas e todas elas (umas mais, outras
menos) usadas entre nós.
Têm sido, ao longo dos
anos, várias as propostas de escalas dimensionais com vista a este tipo de
análise, não só de populações naturais (rochas detríticas e piroclásticas,
rególitos e solos), como também de outras artificiais (britas, granulados e
pulverizados das indústrias mineira, vidreira, cerâmica, alimentar,
farmacêutica, etc.). Em 1898, o americano Johan August Udden (1859-1923) propôs
a sua escala granulométrica, segundo uma progressão geométrica de razão 2 (ou
1/2, consoante o sentido do cálculo) com doze classes definidas pelos seguintes
valores em milímetros: 16, 8, 4, 2, 1, 1/2, 1/4, 1/8, 1/16, 1/32, 1/64, 1/128 e
1/256. Anos mais tarde, em 1922, o seu discípulo Chester Keeler Wentworth
(1891-1969) introduziu-lhe ligeiras alterações, alargando grandemente a sua
utilização entre uma comunidade de sedimentólogos nascente e em crescimento. Em
1905, o alemão Albert Mauritz Atterberg (1846-1916) divulgou a sua
classificação com base no valor unitário 2 mm, desenvolvida segundo uma
progressão geométrica de razão 10 (dez), com os seguintes intervalos:
>200 mm – Block
(bloco)
200 a 20 mm – Stein
(burgau)
20 a 2 mm – Geröl
(cascalho)
2 a 0,2 mm - gross
Sand (areia grosseira)
0,02 a 0,002 mm - fein
Sand ( areia fina)
0,002 a 0,0002 - Silt
(limo)
<0,0002 – Ton
(argila)
Segundo este autor, os
valores escolhidos para limites das classes dimensionais propostas correspondem
a pontos de mudança das propriedades físicas fundamentais dos clastos como, por
exemplo, capilaridade, adesão, sensibilidade aos movimentos brownianos . A
escala de Atterberg foi adoptada em 1927 pela Comissão Internacional da Ciência
dos Solos, sendo ainda utilizada, em especial, nos laboratórios de Pedologia de
muitos países europeus, entre eles, Portugal. Ao qualificarem os solos com base
nesta distribuição dimensional, os pedólogos usam expressões como pedregoso ou
cascalhento, arenoso ou areento, limoso ou siltoso, argiloso ou barrento e outras que expressam termos intermediários,
como argilo-limoso, silto-argiloso, areno-limoso, areno-argiloso, saibrento,
piçarroso ou areno-pedregoso, etc. Ainda do ponto de vista textural, um solo é
qualificado de equilibrado quando não revela predominância de umas classes
dimensionais sobre as outras.
A permeabilidade e a porosidade do
solo e, consequentemente, a sua capacidade de retenção da água dependem
grandemente da textura, o mesmo acontecendo com o seu comportamento químico e,
daí, também com as respectivas aptidões agrícolas. Por seu turno, a textura
depende da natureza da rocha mãe, da sua granularidade, da alterabilidade ou
estabilidade dos seus minerais, do clima e, ainda, do pendor da superfície do
terreno (declive).
Com a prática, o pedólogo consegue
ter uma avaliação aproximada da textura do solo, esfregando uma pequena porção
seca entre os dedos, operação que lhe permite averiguar da sua “aspereza” ou
“macieza”. Fazendo este tipo expedito de ensaio com a terra molhada, avalia as
suas qualidades adesivas e a sua plasticidade, que sabemos serem função do teor
de finos (limo e argila).
Galopim de Carvalho