Gaivotas em bando esvoaçam na praia.
Lenços brancos de seda, acenando ao voar.
Pedaços de neve na luz que desmaia
São velas acesas, à noite, no mar.
Gaivotas sem rumo paradas na margem.
Murmúrios velados que turvam o olhar.
Parece-me, ao vê-las, ser uma miragem.
Desejo de um sonho que tarda em chegar.
Parecem bandeiras quando abrem as asas.
Parecem crianças, de noite, a pintar
Seus sonhos de Paz no silêncio das casas
No azul do céu ou no verde do mar.
Só quero que nenhuma esvoace à deriva
Se o vento do Norte trouxer temporal.
Que nem uma gaivota, lá fique cativa!
Que sejam meninas de crescer, namorar.
Se alguém vislumbrar uma asa ferida
No sonho ou na rede d´ algum pescador
Que defenda, num brado, eterna guarida
Libertando as gaivotas, num gesto de Amor!...
Aldina Cortes Gaspar
“ IN
PEDAÇOS”