O planeamento dos recursos hídricos
é cada vez mais importante, pois a pressão sobre a água vem aumentando devido a
um consumo cada vez maior; isso poderá explicar-se tanto pela melhoria das
condições de vida das populações, como pelo desenvolvimento dos sistemas de
captação e distribuição de água.
Em Portugal é possível que venha a
registar-se falta de água; a que chega nos rios internacionais (Minho, Lima,
Douro, Tejo e Guadiana), com forte dependência, face a Espanha, terá menor
qualidade. É o que estima o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar.
O Rio Tejo, que é o mais extenso da
Península Ibérica, com aproximadamente 1000 km de extensão, nasce na Serra de
Albarracin (Espanha) e desagua em Lisboa. Em Portugal, detém a maior das bacias
hidrográficas. De ano para ano, o caudal do rio Tejo vai diminuindo e a água
vai correndo cada vez mais poluída.
As barragens, permitem a
transferência de reservas hídricas entre diferentes bacias hidrográficas –
transvases. A opção pelos transvases poderá ter implicações negativas como, por
exemplo, a redução do escoamento a jusante do transvase e as perdas de água
devido à maior evaporação e infiltração.
Para agravar a situação, a Espanha
está a construir um novo transvase de alimentação do rio Guadiana a partir do
rio Tejo. De lembrar que nos anos 90, foi possível atravessar o rio Guadiana a
pé enxuto, a montante da antiga fábrica da Portucel em Mourão.
As águas que chegarão, por aquela via, a
Portugal vindas de Espanha serão as águas residuais de milhões de madrilenos
sem a adequada depuração, que entram no Tejo através do rio Jarama. A isto,
haverá que acrescentar o efeito da poluição gerada pela indústria e agricultura
intensiva espanholas.
Existem diversas organizações, que
reúnem entidades portuguesas e espanholas empenhadas na defesa dos rios;
pretendem uma grande mobilização dos cidadãos da bacia do Tejo "em defesa
de uma gestão razoável, sustentável, transparente e participativa da bacia
hidrográfica do Tejo". Reclama-se o cumprimento da Directiva Quadro da
Água junto da Comunidade Europeia, assegurando, designadamente, os caudais
ecológicos. São preocupantes as alterações nos ecossistemas, face ao aumento da
temperatura que resulta dos baixos caudais com efeitos nefastos na pesca,
gastronomia e economia locais.
Por sua vez, o Douro, outro
importante rio internacional é, por vezes, referido como “um rio de extremos”,
que corre com fúria no Inverno, mas abranda durante o Verão. No Inverno,
“levamos” com a água toda, mas no Verão estamos sempre à espera que Espanha
solte a água armazenada nas barragens de Ricobayo ou Almendra. Esta última,
situada no rio Tormes, afluente do Douro, é um dos maiores empreendimentos
hidroeléctricos da Europa e o exemplo do controlo que Espanha exerce sobre o
rio Douro.
Para Portugal, a regulamentação e o
cumprimento das normas comunitárias e da convenção Luso – Espanhola, assumem
pois a maior importância, pois que aflui ao território português água vinda de
Espanha de importância fundamental para a economia do país. Só deste modo
poderá assegurar-se a disponibilidade de água em quantidade suficiente e de boa
qualidade, tanto para nós como para as gerações futuras.
FNeves