terça-feira, 7 de julho de 2015

DE ESPANHA, NEM BOM VENTO NEM… BOA ÁGUA

         

            O planeamento dos recursos hídricos é cada vez mais importante, pois a pressão sobre a água vem aumentando devido a um consumo cada vez maior; isso poderá explicar-se tanto pela melhoria das condições de vida das populações, como pelo desenvolvimento dos sistemas de captação e distribuição de água.
            Em Portugal é possível que venha a registar-se falta de água; a que chega nos rios internacionais (Minho, Lima, Douro, Tejo e Guadiana), com forte dependência, face a Espanha, terá menor qualidade. É o que estima o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar.
            O Rio Tejo, que é o mais extenso da Península Ibérica, com aproximadamente 1000 km de extensão, nasce na Serra de Albarracin (Espanha) e desagua em Lisboa. Em Portugal, detém a maior das bacias hidrográficas. De ano para ano, o caudal do rio Tejo vai diminuindo e a água vai correndo cada vez mais poluída.
            As barragens, permitem a transferência de reservas hídricas entre diferentes bacias hidrográficas – transvases. A opção pelos transvases poderá ter implicações negativas como, por exemplo, a redução do escoamento a jusante do transvase e as perdas de água devido à maior evaporação e infiltração.
            Para agravar a situação, a Espanha está a construir um novo transvase de alimentação do rio Guadiana a partir do rio Tejo. De lembrar que nos anos 90, foi possível atravessar o rio Guadiana a pé enxuto, a montante da antiga fábrica da Portucel em Mourão.
             As águas que chegarão, por aquela via, a Portugal vindas de Espanha serão as águas residuais de milhões de madrilenos sem a adequada depuração, que entram no Tejo através do rio Jarama. A isto, haverá que acrescentar o efeito da poluição gerada pela indústria e agricultura intensiva espanholas.
            Existem diversas organizações, que reúnem entidades portuguesas e espanholas empenhadas na defesa dos rios; pretendem uma grande mobilização dos cidadãos da bacia do Tejo "em defesa de uma gestão razoável, sustentável, transparente e participativa da bacia hidrográfica do Tejo". Reclama-se o cumprimento da Directiva Quadro da Água junto da Comunidade Europeia, assegurando, designadamente, os caudais ecológicos. São preocupantes as alterações nos ecossistemas, face ao aumento da temperatura que resulta dos baixos caudais com efeitos nefastos na pesca, gastronomia e economia locais.
            Por sua vez, o Douro, outro importante rio internacional é, por vezes, referido como “um rio de extremos”, que corre com fúria no Inverno, mas abranda durante o Verão. No Inverno, “levamos” com a água toda, mas no Verão estamos sempre à espera que Espanha solte a água armazenada nas barragens de Ricobayo ou Almendra. Esta última, situada no rio Tormes, afluente do Douro, é um dos maiores empreendimentos hidroeléctricos da Europa e o exemplo do controlo que Espanha exerce sobre o rio Douro.
            Para Portugal, a regulamentação e o cumprimento das normas comunitárias e da convenção Luso – Espanhola, assumem pois a maior importância, pois que aflui ao território português água vinda de Espanha de importância fundamental para a economia do país. Só deste modo poderá assegurar-se a disponibilidade de água em quantidade suficiente e de boa qualidade, tanto para nós como para as gerações futuras.

                                                  FNeves