A escola confessional
baseia os seus princípios, objectivos e algumas das suas práticas numa
religião. Em Portugal, as escolas confessionais encontram-se, maioritariamente,
ligadas à Igreja Católica. Ora, numa escola, seja ela católica ou não, o seu
primeiro objectivo é o de ensinar bem. Para isso, ela terá que ajudar os alunos
a conhecerem o mundo, a vida e o homem nas suas relações com ele próprio e com os
outros, a desenvolverem capacidades motoras, afectivas e cognitivas, a praticarem
valores como os da liberdade, da verdade, da responsabilidade...
Na relação educativa,
há a considerar aspectos de transmissão e construção de conhecimentos e
transmissão e construção de valores. Ora, relativamente aos conhecimentos em
matéria científica, os termos compreender
e aceitar poderiam funcionar como
sinónimos. Alguém, no seu perfeito juízo, rejeita a lei da gravidade? Acontece,
porém, que no domínio dos valores confessionais, nem sempre o compreender significa aceitar. Pode compreender-se o marxismo
ou, até, a teoria da evolução e, no entanto, não aceitá-los.
A quem ensina
exige-se, então, o cuidado de não impor uma convicção sob a capa de ciência ou,
reciprocamente, não induzir alguém a acreditar que a ciência pode ser
substituída por uma convicção.
Mas, afinal, o que
ensinará a mais uma escola para ser considerada de confessional? Ela terá que
pautar a sua intervenção junto do aluno por valores específicos da confissão
que representa. No caso concreto da escola cristã, ela deveria desenvolver as
suas acções e ter uma visão do mundo e da vida em coerência com o Evangelho de
Jesus Cristo.
Teve lugar, há pouco, a
Semana Nacional da Educação Cristã. Como cristão, penso que a educação, sendo
feita segundo aquela perspectiva, contribuiria para quantos nela estão
implicados, saírem para a realidade do mundo, orientando, como se diz na Nota
Pastoral a ela relativa, para o pleno desenvolvimento da pessoa, crescimento da
solidariedade, da relação fraterna e da responsabilidade pelo bem do próximo. Um
mundo melhor, certamente, estaríamos a construir!
Mário
Freire