Pode parecer estranho
que tal exista mas essa é a realidade que se encontra em Viseu. Numa das raras cidades
do Interior que parece não se ter conformado com a decrepitude, o marasmo, a
atrofia dos centros históricos, o subdesenvolvimento, ergueu-se uma Instituição,
tutelada pela Câmara Municipal daquela cidade, que se julga única no Mundo: um
museu dedicado exclusivamente ao mineral quartzo.
Numa altura, no nosso
País, em que a Ciência está a sofrer de maus-tratos, em que as ciências do
dinheiro contam mais do que as ciências da Terra, eis que aparece um Museu
nesse Interior, quase sempre esquecido, para colmatar duas grandes
necessidades: 1 - recuperar um local onde existia uma pedreira aberta pela
lavra do mineral quartzo leitoso, depois abandonada, qual ferida rasgada na
paisagem; 2 – aproveitar o dito mineral, valorizando a sua jazida e, a partir
dela, transformar um problema ambiental num centro de cultura científica e pedagógica.
Ora, o Museu mostra o
quartzo em belos cristais poliédricos, isolados ou associados, hialinos,
ametistas, róseos, defumados…, alguns com inclusões de outros minerais, que lhe
conferem efeitos de rara beleza. Mas ele também pode ocorrer sob a forma
microcristalina em que as ágatas, os ónix, as cornalinas…, com as suas bandas,
curvas ou rectilínias, pretas ou brancas, castanhas ou vermelhas…, deixam-nos
deslumbrados e constituem como que um hino ao Criador, para quem é crente.
Mas o Museu, a par das
actividades pedagógicas que desenvolve regularmente, também nos informa sobre as
inúmeras intervenções a que o quartzo é chamado a dar o seu contributo ao
progresso: vidros, cimentos, louças, cal, plásticos, borrachas, electrónica e…
joalharia.
O convite à interactividade,
ao manuseamento, à observação, ao questionamento, suportados por uma tecnologia
informática em conformidade com os objectivos pedagógicos visados, tornam este
Museu digno de ser visitado, seja por leigo ou perito em Mineralogia, aluno do
básico, secundário ou superior. Resta informar que a concepção científica do
conteúdo do Museu se deve ao Professor Galopim de Carvalho que, aliás, dá o nome
ao Centro de Interpretação da Instituição.
Mário Freire