quinta-feira, 17 de julho de 2014

UM MUSEU PARA UM SÓ MINERAL



Pode parecer estranho que tal exista mas essa é a realidade que se encontra em Viseu. Numa das raras cidades do Interior que parece não se ter conformado com a decrepitude, o marasmo, a atrofia dos centros históricos, o subdesenvolvimento, ergueu-se uma Instituição, tutelada pela Câmara Municipal daquela cidade, que se julga única no Mundo: um museu dedicado exclusivamente ao mineral quartzo.
Numa altura, no nosso País, em que a Ciência está a sofrer de maus-tratos, em que as ciências do dinheiro contam mais do que as ciências da Terra, eis que aparece um Museu nesse Interior, quase sempre esquecido, para colmatar duas grandes necessidades: 1 - recuperar um local onde existia uma pedreira aberta pela lavra do mineral quartzo leitoso, depois abandonada, qual ferida rasgada na paisagem; 2 – aproveitar o dito mineral, valorizando a sua jazida e, a partir dela, transformar um problema ambiental num centro de cultura científica e pedagógica.
Ora, o Museu mostra o quartzo em belos cristais poliédricos, isolados ou associados, hialinos, ametistas, róseos, defumados…, alguns com inclusões de outros minerais, que lhe conferem efeitos de rara beleza. Mas ele também pode ocorrer sob a forma microcristalina em que as ágatas, os ónix, as cornalinas…, com as suas bandas, curvas ou rectilínias, pretas ou brancas, castanhas ou vermelhas…, deixam-nos deslumbrados e constituem como que um hino ao Criador, para quem é crente.




Mas o Museu, a par das actividades pedagógicas que desenvolve regularmente, também nos informa sobre as inúmeras intervenções a que o quartzo é chamado a dar o seu contributo ao progresso: vidros, cimentos, louças, cal, plásticos, borrachas, electrónica e… joalharia.

O convite à interactividade, ao manuseamento, à observação, ao questionamento, suportados por uma tecnologia informática em conformidade com os objectivos pedagógicos visados, tornam este Museu digno de ser visitado, seja por leigo ou perito em Mineralogia, aluno do básico, secundário ou superior. Resta informar que a concepção científica do conteúdo do Museu se deve ao Professor Galopim de Carvalho que, aliás, dá o nome ao Centro de Interpretação da Instituição. 

                                                            Mário Freire