Nas relações onde
impera o sentimento de afeto, admiração, cumplicidade e amor, a sensação de ter
alguém proporciona-nos bem-estar e segurança. Amar outra pessoa e ser amado é
muito enriquecedor e completa uma parte de nós que não se substitui. Podemos ser
felizes sem viver uma relação amorosa, tal como podemos ser felizes sem o
trabalho dos nossos sonhos, ou sem um determinado sonho realizado, mas há
partes de nós que exigem ser vividas e nem sempre é possível. Nesse caso, a
melhor forma para seguir um caminho feliz é irmo-nos adequando e valorizando o
que temos.
Quando finalmente
temos essa parte completa, paradoxalmente, a sensação de insatisfação e, por
vezes, até desconforto, é comum. A situação afinal não é assim tão perfeita
como estávamos à espera. Talvez no medo de perder a pessoa que acreditamos que
nos completa, adequamo-nos aos seus desejos, às suas necessidades e
esquecemo-nos de nós. Vivemos em função do outro, mesmo sem termos consciência
disso.
É mais fácil viver em
função de outra pessoa do que de nós próprios. É mais fácil culpar o outro
pelas nossas angústias do que assumirmos responsabilidades. Vivermos em função
de nós implica sabermos o que desejamos, em que direção queremos ir e ter a
coragem de lutar por isso, o que nem sempre coincide com os projetos do
parceiro. No entanto, assumir a direção que queremos tomar não significa
opor-se ao parceiro! Uma relação é feita de compromissos, não de anulamentos ou
imposições. Quando cada um sente, pensa e age em plena liberdade, integra os
elementos do próprio ser dentro de si, harmoniza-os de forma a não os perder na
presença outro parceiro, e o encontro com o parceiro é a união de duas pessoas
autónomas, que sabem o que querem, o que desejam e que, no respeito pelos
desejos e planos do outro, se prendem de forma saudável porque uma relação
feliz é quando ambos se escolhem, diariamente, na liberdade do próprio ser.
Rossana
Appolloni
www.rossana-appolloni.pt