sexta-feira, 11 de julho de 2014

FUTEBOL, COMPETIÇÃO E VALORES


       Agora, que estamos a terminar a maré de futebol, talvez tenha interesse perguntar-nos qual a importância que é atribuída ao desporto no nosso sistema de ensino. Ele, pelo envolvimento global que proporciona aos alunos, bem pode constituir-se numa área do currículo em que os valores éticos estão constantemente a ser provados.
            Ora, valores são as razões que atribuímos às nossas escolhas, tornando-as preferíveis a outras. Nem todos têm as mesmas razões para fazerem determinada escolha. Por isso, nem todos têm os mesmos valores. De entre a multiplicidade de valores, vêm à cabeça os éticos, isto é, aqueles que têm a ver com as normas de comportamento que se implicam em todas as nossas actividades. De entre os critérios que presidem a estas normas encontram-se a lealdade, a verdade, a honestidade, a solidariedade, o esforço…
            Pus em primeiro lugar aqueles valores porque eles, sendo critérios fundamentais na avaliação das pessoas com quem nos relacionamos, são também critérios de avaliação das múltiplas situações que decorrem da prática desportiva. Ora, esta prática, assenta, fundamentalmente, na competição.
No mundo de hoje, em que a palavra competitividade faz parte do léxico quotidiano, saber competir é fundamental. Esta competição, porém, passa pelo esforço que cada um faz em superar as suas dificuldades. O treino e o esforço que nele é posto não são mais do que meios para superar essas dificuldades, sejam elas individuais e colectivas. Depois, há a competição entre pessoas ou entre grupos. E aí, todos aqueles valores da solidariedade, da lealdade, da verdade e da honestidade ganham relevo. Há, ainda, a vitória e a derrota. Qual o comportamento dos vencedores em relação a si próprios e em relação aos vencidos? E os vencidos, como encararam a derrota? São todas estas situações que ocorrem num jogo do Mundial que, talvez, possam ser aproveitadas pela escola e, depois, transportadas para a vida de todos os dias.


                                      Mário Freire