quinta-feira, 31 de julho de 2014

APRENDER A COMPETIR


            Numa mostra escolar estava a ser distribuído um folheto que tinha por título “Educar para a Ética no Desporto”. Havia, ainda, uma curta mensagem indicativa dos destinatários: “dicas para os pais”.
            A actividade desportiva assenta, em grande medida, na competição. Ora, a competição não é nenhum mal. Pelo contrário, este mecanismo é um dos reguladores da Natureza e contribui para a sua renovação. Igualmente, pela competição, o desporto pode gerar pessoas mais competentes sob os pontos de vista físico, psíquico e moral.
Um praticante de desporto, antes de querer competir com os outros, porém, terá que saber competir consigo próprio. Este aspecto mereceu pouco destaque no folheto. E, no entanto, só pelo esforço em superar as dificuldades, não desanimando perante os obstáculos e descobrindo onde se errou para que na próxima vez se faça melhor, se conseguirá alcançar a meta desejada. É isto que faz um verdadeiro atleta: treinar, insistir, competir consigo próprio.
            Ora, os pais poderiam, fomentando a actividade desportiva nos seus filhos, incutir-lhes esse desejo de se superarem nas suas dificuldades. O desporto, por implicar o movimento do corpo, capta facilmente o interesse das crianças e dos adolescentes. Daí que eles, ganhando esse desejo de responder a desafios, mais facilmente poderiam estender esses comportamentos de não desistência perante uma dificuldade para outros campos como o do estudo.
            Por que razão muitos dos nossos alunos fracassam na escola? Será que eles, se tivessem praticado desporto com uma finalidade educativa, tentando superar as dificuldades, não poderiam ter aprendido a aplicar essa capacidade à vida escolar e, talvez, terem sucesso?
            Mas a competição não se reduz a querer-nos ultrapassar a nós próprios. Ela, nos dias que correm, consiste, fundamentalmente, em confrontarmo-nos com os outros. Em que medida, então, o desporto pode contribuir para que os alunos aprendam a perder mas, também, a saber ganhar?
                     

                                  Mário Freire