Numa mostra escolar
estava a ser distribuído um folheto que tinha por título “Educar para a Ética
no Desporto”. Havia, ainda, uma curta mensagem indicativa dos destinatários:
“dicas para os pais”.
A actividade desportiva assenta, em
grande medida, na competição. Ora, a competição não é nenhum mal. Pelo
contrário, este mecanismo é um dos reguladores da Natureza e contribui para a
sua renovação. Igualmente, pela competição, o desporto pode gerar pessoas mais
competentes sob os pontos de vista físico, psíquico e moral.
Um
praticante de desporto, antes de querer competir com os outros, porém, terá que
saber competir consigo próprio. Este aspecto mereceu pouco destaque no folheto.
E, no entanto, só pelo esforço em superar as dificuldades, não desanimando
perante os obstáculos e descobrindo onde se errou para que na próxima vez se
faça melhor, se conseguirá alcançar a meta desejada. É isto que faz um verdadeiro
atleta: treinar, insistir, competir consigo próprio.
Ora, os pais poderiam, fomentando a
actividade desportiva nos seus filhos, incutir-lhes esse desejo de se superarem
nas suas dificuldades. O desporto, por implicar o movimento do corpo, capta facilmente
o interesse das crianças e dos adolescentes. Daí que eles, ganhando esse desejo
de responder a desafios, mais facilmente poderiam estender esses comportamentos
de não desistência perante uma dificuldade para outros campos como o do estudo.
Por que razão muitos dos nossos
alunos fracassam na escola? Será que eles, se tivessem praticado desporto com
uma finalidade educativa, tentando superar as dificuldades, não poderiam ter
aprendido a aplicar essa capacidade à vida escolar e, talvez, terem sucesso?
Mas a competição não se reduz a
querer-nos ultrapassar a nós próprios. Ela, nos dias que correm, consiste,
fundamentalmente, em confrontarmo-nos com os outros. Em que medida, então, o
desporto pode contribuir para que os alunos aprendam a perder mas, também, a
saber ganhar?
Mário
Freire