António
Roxo na sua Monografia de Castelo Branco, em 1890 faz-lhe uma referência, não
contextualizada, sem fundamentação, na página 60, que aponta uma crítica à
localização, nos seguintes termos: “Foi este edifício feito com o fim de servir
de liceu, mas a posição mal escolhida e
as poucas proporções do edifício para tal fim vieram em breve tempo provar que
isto era uma utopia. O edifício, sendo pequeno para liceu, é grande de mais
para duas escolas. Principiaram as obras em 1867, havendo-se gasto a quantia de
5:438$910 réis, despesa que mais significa um desperdício do que um acto de boa
administração municipal”.
Sem
querer entrar em polémica metodológica e na discordância da informação, não
deixarei de estranhar a falta de referência ao destino do testamento do legado
do Conde Ferreira, que exigia como condição imprescindível a utilização
exclusiva do edifício como escola do ensino primário e popular e nunca
admitindo nele a instalação do ensino liceal destinado a um grau mais elevado e
por isso acessível somente a candidatos com maior poder económico.
Por
outro lado parece justa a crítica quanto à topografia da cidade e à sua
inacessibilidade ao castelo, a parte mais elevada da cidade. Sabemos por
experiência como se foi processando o crescimento da cidade ocupando
gradualmente a encosta e evoluindo para o sopé circundante.
De
facto não foi feliz a escolha para localização da primeira escola primária da
cidade, que terá provavelmente sido utilizada durante algum tempo para a
finalidade inicial, mas com pequena duração. A Escola Normal, designada Escola
de Habilitação para o Magistério Primário foi instalada neste edifício
construído com o legado do Conde Ferreira contra a vontade de alunos,
professores e empregados. Assim que surgiu uma alternativa, deu-se a mudança
para a zona baixa da cidade. Disso nos dá conta uma notícia do semanário
Notícias da Beira , que é do seguinte teor:
“ A escola de ensino
normal funciona, desde o dia 2 do corrente, no antigo edifício do paço
episcopal, onde, por determinação do Governo da República, foi instalada, bem
como o liceu central desta cidade.
É um melhoramento
importante porque a antiga instalação da Escola do Castelo tornava-se
inconveniente pelo difícil acesso e distância do centro da cidade”.
Francisco Goulão