Num
artigo publicado online pela revista Geology, em Junho de 2013, dá-se conta da
recente descoberta, ao largo da costa de Portugal, de uma possível zona de
subducção nas suas primeiríssimas fases de formação. Tal significa que daqui a
uns 200 milhões de anos, o Oceano Atlântico poderá vir a desaparecer e que as
massas continentais da Eurásia e da Laurência se voltarão a juntar num novo
supercontinente. Neste trabalho, assinado por João Duarte, geólogo português a
trabalhar na Universidade de Monash, na Austrália, e a sua equipa, juntamente
com António Ribeiro e Filipe Rosas, da Universidade de Lisboa, Pedro Terrinha,
do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, e, ainda, Marc-André Gutcher, da
Universidade de Brest (França), são revelados os primeiros indícios de
transformação da margem sudoeste ibérica (uma margem passiva, do tipo
atlântico) numa margem activa, do tipo pacífico.
Há
mais de três décadas, em 1979, no 1º Encontro de Geociências, reunido em
Lisboa, António Ribeiro, surpreendeu os presentes, ao apresentar a comunicação
a que deu o nome de ”Geopoema”. Numa antevisão notável, este geólogo que, já
então, se distinguia entre os seus pares pela excelência do trabalho que
produzia, anunciava que o Atlântico iria começar a fechar, que, daqui a uns
milhões de anos, engoliríamos os Açores e, que, passados mais um ror deles, a
Eurásia cavalgaria a América do Norte, imaginando, em jeito de brincadeira, “a estátua
do Marquês do Pombal sobre a estátua da Liberdade”.
A M Galopim de Carvalho
Lisboa, 10. 07.2013