Quando se fala de
educação das crianças e adolescentes, costuma pôr-se a ênfase no Estado, nos
pais, nos professores, nos equipamentos mas raramente se releva o papel dos
auxiliares de acção educativa (AAE). E
esta quase ausência de referência deve-se ao facto de eles não terem, ainda,
sido considerados, pelos diferentes poderes que de perto ou de longe interferem
na escola, como verdadeiros elementos de formação educacional.
Aos AAE estão-lhes, normalmente,
cometidas funções nos âmbitos da manutenção da higiene da escola, da vigilância
dos recreios e corredores e no apoio às salas de aulas e a certas disciplinas
ou gabinetes específicos.
De
todas estas, destacaria as de vigilância dos recreios e corredores por serem
aquelas em que a relação com os alunos se torna mais evidente e onde o seu
papel de educadores melhor se pode destacar. Pergunta-se, então: que formação têm
tido estes profissionais para que possam responder, adequadamente, aos inúmeros
problemas decorrentes dessa relação?
Ora,
os AAE são elementos imprescindíveis no processo educacional dos alunos. Neste
âmbito, eles deveriam ter, pelo menos, uma formação específica no campo da
observação e da comunicação, tendo em conta as características das idades dos
alunos com que lidam e, ainda, possuir conhecimentos que lhes permitissem
actuar em situações de agressividade física ou psicológica. Sendo agentes
educativos, eles têm que respeitar os alunos mas, igualmente, devem ser
respeitados. São uma autoridade dentro do espaço escolar e os alunos deveriam
ter plena consciência disso.
Saber
observar os espaços que lhe estão confiados; usar uma linguagem adequada quando
age; saber questionar, sugerir, repreender e elogiar, controlando as situações
ou a sua agudização; participar à direcção, eis alguns dos comportamentos que
se esperam de um AAE e que poderiam contribuir para uma escola mais educativa,
mais disciplinada e mais segura.
Mário Freire