Quando
observamos, de fora, alguns recreios de escolas do ensino básico temos
oportunidade de verificar vários tipos de comportamento nos alunos: convivência
grupal, isolamento, correria, agressividade...
Ora,
os recreios podem ser facilitadores ou inibidores de comportamentos adequados
dentro e fora da sala de aula. Quando neles os equipamentos, os espaços e a
vigilância são reduzidos, criam-se condições para que as actividades dos alunos
nem sempre sejam as mais equilibradas.
Por
sua vez, se houver espaços suficientemente amplos, agradáveis à vista, com
jogos que permitam a cooperação e uma vigilância discreta mas eficaz, então
eles constituem-se em lugares de convivialidade e proporcionadores de um
ambiente psicológico que prepara para as actividades lectivas que se lhes
seguem.
Questionando
as crianças e os adolescentes sobre os espaços e os tempos que mais valorizam
eles, de uma maneira geral, elegem os recreios. É nos recreios que os
adolescentes e pré-adolescentes intensificam a sua socialização com os seus
pares; ali se geram amizades mas, também, disputas que ajudam a crescer e a criar
defesas para com os embates que a vida adulta lhes vai reservar.
Note-se,
por outro lado, que é, essencialmente, nos recreios que o bullying, isto é, os
actos de violência física ou psicológica e intencionais, causando sofrimento,
têm lugar.
Os
recreios merecem, pois, que lhes seja dedicada uma atenção específica por parte
das direcções das escolas em que os auxiliares de acção educativa têm um papel
importante de observação, de interpretação dos comportamentos dos alunos, de
prevenção de situações de agressividade e de encaminhamento. Mas, igualmente,
os professores não podem ignorar a importância dos recreios e a repercussão do
que neles acontece nas suas próprias aulas.
Mário Freire