Em todas as épocas e culturas, a
família foi sempre o espaço de refúgio e de alento da criança e de todos
aqueles que a constituíam.
Era na família que
se encontravam, em geral, as maneiras de fazer face às dificuldades com que as
pessoas se confrontavam.
Os valores que se
aprendiam no lar, como os da responsabilidade, da amizade, da verdade, do
trabalho, partilhados pelas pessoas com os mesmos laços de sangue, eram os que
proporcionavam as melhores resistências aos embates da vida.
No entanto, o mundo
mudou. As distâncias, hoje, entre as pessoas, são mais curtas e mais rápidas.
Conseguimos, em tempo real, ver e falar com alguém que está no outro lado da
Terra. As ligações entre os membros da família, pelo contrário, enfraqueceram,
tornaram-se mais distantes e menos intensas.
Ela que era a
fortaleza contra os abalos que cada um dos seus membros pudesse sofrer,
encontra-se, agora, debilitada e fragilizada. Desagrega-se mais facilmente
perante um qualquer vento mais forte da vida.
O papel dos pais
modificou-se; a sua autoridade diminuiu. Muitos deles deixaram de ser a
referência que os filhos necessitariam para se desenvolver psicológica e moralmente.
Enfim, a família precisa de ajudas.
Mas de que ajudas
ela necessita?
Se olharmos à
volta, pergunta-se se é possível que se exija que muitas famílias cumpram os
seus deveres de acolhimento e de educação quando elas se confrontam com o
desemprego, a pobreza, a exclusão, a violência…?
Por isso, urge dar
dignidade a todas as famílias. Se esta urgência passa, em primeira instância,
pelo Estado, tal não dispensa que as organizações e os cidadãos se devam eximir
dos seus deveres de solidariedade.
Mário
Freire