Um jovem que é capaz
de entrar, informaticamente, em sistemas altamente blindados, que consegue
extrair deles informação confidencial e perigosa é, certamente, uma pessoa
inteligente, independentemente, depois, de ter ou não feito mau uso dela.
Igualmente,
um estadista que, perante grave problema, consegue discernir, de entre as
várias soluções que se lhe apresentam, aquela que melhor pode contribuir para
uma solução sustentada, tendo em vista o bem daqueles que governa, sem
subjugação aos lóbis instalados, é uma pessoa inteligente.
A
diferença entre a primeira pessoa citada e a segunda é que esta agiu com
sabedoria enquanto que a outra não.
A inteligência tem a ver com a
capacidade que alguém tem para aprender, compreender ideias, resolver
problemas, utilizar os conhecimentos e aplicá-los em situações diferentes. A
sabedoria, por sua vez, é a capacidade que permite discernir o melhor caminho a
seguir, a melhor decisão a tomar, tendo em consideração os diferentes contextos
que a vida apresenta.
Ser-se inteligente não significa
ter-se sabedoria; assim como ser-se experiente não significa ter-se sabedoria.
A sabedoria é um conceito englobante em que, não estando dela excluídas a
inteligência e a experiência, ela as ultrapassa com a inclusão da paciência, da
delicadeza, da humildade, da escuta dos outros, da oportunidade, da ética.
A escola preocupa-se,
fundamentalmente, com a inteligência, com a acumulação de saberes e com a sua
aplicação. No entanto, a aprendizagem da sabedoria também nela deveria ter
lugar pois é dela que resultam as decisões que ajudam a mudar as pessoas e o
mundo para melhor.
Aprende-se a sabedoria estando-se
atento a si próprio, aos outros e às circunstâncias, analisando com humildade
os êxitos e reconhecendo os insucessos, para deles, depois, com serenidade, retirar
as consequências.
Sejamos sábios e que a sabedoria se
instale no poder!
Mário Freire