terça-feira, 30 de abril de 2013

DESIGNAÇÃO



Dado o facto de agir mal,
por engano ou decisão,
nada impede que, afinal,
seja o autor, no fundo, são.

Aos sinais de enfermidade
há que dar toda a atenção
e cuidados.  É verdade;
mas não haja confusão.

Por sofrer já ser doente?...
Nem pensar na ilação.
Muito men’s, se é paciente.

Não consegue o adjectivo,
em qualquer designação,
abolir o substantivo.

João d’Alcor

domingo, 28 de abril de 2013

MELHORAR O ENSINO ATRAVÉS DAS NOVAS TECNOLOGIAS



       O impacto das novas tecnologias na vida em sociedade constitui um tema em permanente discussão. São de ter em consideração não só o aparecimento diário de máquinas cada vez mais sofisticadas, mas também o efeito que poderá ter a ligação em rede que é oferecida aos nossos jovens vinte e quatro horas por dia. Acredita-se que esses efeitos são condicionados pelo género, idade e classe sócio-económica dos intervenientes.
            Crê-se também que a ligação dos jovens aos meios digitais atingirá em breve a saturação. Com uma frequência cada vez maior, os jovens ligam-se à Internet logo que chegam a casa, ocupando várias horas por dia  na realização de actividades escolares e nas redes sociais.
No entanto, é discutível se a ligação dos jovens ao digital terá apenas implicações positivas, merecendo por isso o apoio da família e da escola ou se as autoridades académicas deverão evitar a trivialização das interações sociais e culturais através da rede. As opiniões divergem: os messianistas defendem a ideia da geração digital; os catastrofistas são de opinião que a ligação quase permanente à rede tornará os jovens desatentos, confusos e violentos e, finalmente, os cépticos que criticam uns e outros argumentando a inexistência de provas conclusivas.
 Investigações recentes relativas aos efeitos da tecnologia nos valores sociais e estilos de vida dos jovens, mostram efeitos multifacetados e interrelacionados e, portanto, difíceis de entender.
            O argumento de que existem grandes potencialidades na aprendizagem digital é muitas vezes mencionado como uma grande oportunidade de introduzir melhorias na educação. Todavia, contrariamente ao que muitas vozes sugerem, os estudantes não evidenciam mudanças nas suas expectativas no que se refere ao ensino: as suas preferências são ainda o ensino presencial, onde a tecnologia poderá aumentar o seu desempenho.
            A vasta literatura defendendo que a educação formal deveria mudar radicalmente de modo a satisfazer os jovens não é suportada pelos factos. A investigação mostra sim que os professores, por vezes, não se sentem à vontade com a utilização das tecnologias na educação formal embora conheçam a sua utilização em contextos de entretenimento, informação e contacto social. Mesmo assim, as novas tecnologias podem ser consideradas como oportunidades de diálogo com os jovens, podendo a longo prazo melhorar significativamente as suas possibilidades de inserção no mercado de trabalho.

                                                 FNeves

sexta-feira, 26 de abril de 2013

O QUE SE GANHA EM SER "BOA PESSOA"?



O que é que define uma “boa pessoa”? Segundo os psicólogos, uma boa pessoa é uma pessoa que se caracteriza por ter simpatia, generosidade, atenção para com os outros, altruísmo e desejo de harmonia social. A aspiração de uma boa pessoa é manter relações positivas: sente-se feliz quando as pessoas à sua volta vivem em harmonia e preocupa-se por manter as águas calmas. Gosta de dedicar tempo aos outros e tem facilidade em entrar em sintonia com as pessoas em geral.
Ser cordial traz inúmeras vantagens a nível profissional e pessoal. Antes de mais, contribui para encontrar trabalho, pois são muitas as vezes que a simpatia pessoal prevalece sobre o próprio currículo. Pode igualmente contribuir para manter o posto de trabalho, por exemplo em caso de dúvida entre duas ou mais pessoas. A nível pessoal, as pessoas agradáveis vivem casamentos mais longos e têm uma melhor relação com os filhos.
No entanto, se por um lado os indivíduos mais afáveis e gentis tendem a manter relações mais estáveis, a ter uma saúde melhor e a obter rendimentos mais altos nos estudos e no trabalho, por outro lado, têm tendência para ganhar menos do que os colegas mais prepotentes e a serem ultrapassados na hierarquia profissional. Isto significa que, apesar destas vantagens, a excelente prestação no trabalho nem sempre corresponde a ganhar mais dinheiro.      
Não se pode afirmar que a má educação faz ganhar mais ou ter mais poder, simplesmente quem tem uma índole afável atribui mais importância às relações do que ao dinheiro, pelo que, por vezes, o primeiro aspeto prevalece sobre o segundo.
As vantagens de uma personalidade simpática dependem do que se entende por sucesso. Se este significa conquistar o que traz felicidade – boa saúde, relações estáveis e o prazer do que se faz diariamente – então as boas pessoas encontram-se nitidamente em vantagem. Se, pelo contrário, o sucesso é entendido como conquista de poder e uma alta remuneração, então talvez lhe convenha cultivar outros aspetos, não a simpatia… Mas será que depois compensa? Até porque as boas pessoas também podem dominar a aparente fraqueza e chegar ao topo!


                               Rossana Appolloni

quarta-feira, 24 de abril de 2013

A CRISE E A MATEMÁTICA



       Em 2008, imediatamente antes da bancarrota da Lehman Brothers que, segundo muitos, foi responsável pela crise económica que estamos a viver, o presidente da câmara de Cleveland, Estados Unidos, registou 21 queixas contra grandes bancos. Estes, através de agentes pouco escrupulosos, venderam créditos e ilusões a muitas famílias que desejavam ter casa própria e que, depois de a habitarem, foram obrigadas a perdê-la. Muitas outras famílias, em outros países, Portugal incluído, percorreram idêntico caminho.
Ora, mercê do poder dos bancos de Cleveland, nenhuma daquelas queixas conseguiu chegar a tribunal. Este facto inspirou o cineasta Jean-Stephane Bron a encenar um julgamento fictício, apoiado pela administração municipal, com advogados, juíz e testemunhas verdadeiros. Assim, o cinema permitiu que o caso tivesse um julgamento justo, quando a justiça falhou.
Perguntar-se-á: que tem isto a ver com a Matemática? Acontece que o realizador Jean-Stephane Bron mostrou que o inumerismo, o analfabetismo matemático, o iletrismo dos números precipitou a falência de milhares de famílias americanas. Estas, seduzidas pelos argumentos dos vendedores de sonhos e incapazes de fazerem contas, endividaram-se até ao pescoço.
Por outro lado, ainda há pouco mais de um ano, o CREDOC, o centro francês de pesquisa para o estudo e observação das condições de vida, mostrava que metade da população adulta francesa ignorava que, se colocasse 100 euros num banco, a uma taxa de 2%, iria ter, no fim de um ano, 102 euros. Se este inquérito tivesse sido realizado em Portugal, teríamos resultados melhores?
O analfabetismo matemático é uma doença que grassa numa parte significativa da sociedade tecnológica. Como explicar a aversão à Matemática por tantas pessoas… por tantos alunos? E qual o custo social deste analfabetismo?

                                                          Mário Freire

segunda-feira, 22 de abril de 2013

DESÍGNIO



Quantas vezes nós humanos
enviamos ao Divino,
com o mapa do destino,
assinados nossos planos.

À partida, tão ufanos,
logo após desiludidos:
São os planos devolvidos.
Quão acerbos desenganos...

Dado o humano atrevimento,
tem São Pedro instruções
de enviar ao remetente.

Mas o Céu que está atento,
junta anexos com lições,
seu Desígnio tendo em mente.

João d’Alcor

sábado, 20 de abril de 2013

OS RECREIOS ESCOLARES E O COMPORTAMENTO DOS ALUNOS

          


Quando observamos, de fora, alguns recreios de escolas do ensino básico temos oportunidade de verificar vários tipos de comportamento nos alunos: convivência grupal, isolamento, correria, agressividade...
Ora, os recreios podem ser facilitadores ou inibidores de comportamentos adequados dentro e fora da sala de aula. Quando neles os equipamentos, os espaços e a vigilância são reduzidos, criam-se condições para que as actividades dos alunos nem sempre sejam as mais equilibradas.
Por sua vez, se houver espaços suficientemente amplos, agradáveis à vista, com jogos que permitam a cooperação e uma vigilância discreta mas eficaz, então eles constituem-se em lugares de convivialidade e proporcionadores de um ambiente psicológico que prepara para as actividades lectivas que se lhes seguem.
Questionando as crianças e os adolescentes sobre os espaços e os tempos que mais valorizam eles, de uma maneira geral, elegem os recreios. É nos recreios que os adolescentes e pré-adolescentes intensificam a sua socialização com os seus pares; ali se geram amizades mas, também, disputas que ajudam a crescer e a criar defesas para com os embates que a vida adulta lhes vai reservar.
Note-se, por outro lado, que é, essencialmente, nos recreios que o bullying, isto é, os actos de violência física ou psicológica e intencionais, causando sofrimento, têm lugar.
Os recreios merecem, pois, que lhes seja dedicada uma atenção específica por parte das direcções das escolas em que os auxiliares de acção educativa têm um papel importante de observação, de interpretação dos comportamentos dos alunos, de prevenção de situações de agressividade e de encaminhamento. Mas, igualmente, os professores não podem ignorar a importância dos recreios e a repercussão do que neles acontece nas suas próprias aulas. 

                                                                  Mário Freire

quinta-feira, 18 de abril de 2013

DESENLACE



Vida sem falecimento
é quimera de ignorância
que alheia ao desprendimento,
gera a dor e cria a ânsia.

Tal em vida, assim na ida,
- Reza adágio consagrado -
nunca há beco sem saída,
se mor bem é almejado.

Perde-se a vida num momento...
Tal sentença tem seus quês:
Há mudança; perca não.

Soa a voz do novo alento:
‘Sou, no além que tu não vês,
dom que excede a expectação.’

João d’Alcor

terça-feira, 16 de abril de 2013

O ENVOLVIMENTO DOS PAIS NA EDUCAÇÃO



        A participação dos pais na escola é factor de melhoria da aprendizagem dos filhos. Esta afirmação não é gratuita mas, antes, resulta não só da observação dos professores mas, também, de vários estudos que têm sido feitos no nosso País. Uma das entidades públicas que mais se tem debruçado sobre esta temática tem sido o Conselho Nacional de Educação, tendo-lhe dedicado vários seminários e publicações e, mais recentemente, participado num estudo em que avalia a participação dos pais na política educativa e no exercício dos seus direitos.  
Variadas podem ser as formas de participação dos pais. Uma das que mais os solicita é a do acompanhamento dos filhos nos trabalhos escolares. Reconheça-se, no entanto, que eles nem sempre têm a preparação ou a disponibilidade para esse acompanhamento. Mesmo assim, tal não deve ser impeditivo de os pais recolherem alguma informação sobre o trabalho que os filhos, em casa, fazem para a escola, como o fazem e que tempo lhe dedicam.
            Igualmente, os pais não podem colocar-se de fora das iniciativas da escola, muito especialmente as reuniões de pais. Muitas destas iniciativas fazem apelo à sua participação directa seja em festas, debates, visitas, testemunhos sobre as suas vidas profissionais, etc.. Participar nestes acontecimentos é transmitir aos filhos um sentimento de interesse por tudo o que se passa na escola e que eles, filhos, não estão sós no seu trabalho na escola.    
            A legislação escolar estabelece, ainda, normas sobre a intervenção dos pais no domínio disciplinar e, ainda, o direito de representação em diversos órgãos de gestão da escola.
            Todas estas diferentes formas de envolvimento dos pais com a escola ajudam os filhos a comprometerem-se mais com as aprendizagens que fazem, ao mesmo tempo que sentem que a família e a instituição escolar não estão de costas voltadas mas, antes, colaboram no mesmo sentido – o do seu desenvolvimento.

                                       Mário Freire

domingo, 14 de abril de 2013

DESEMBARGO



O revés mais fortalece
quem não esquece o que está são.
Nunca o Espírito adoece,
se acontece a provação.

Quando em trevas ou doente,
guarda em mente e toma nota:
Ele é Flama em ti presente;
não consente o que é derrota.

Não a tenhas como ausente:
É patente, a tempo inteiro,
essa Chama que te anima.

Nunca o embargo é permanente.
Sê um crente que em primeiro
em si vê a Luz divina.

João d’Alcor

sexta-feira, 12 de abril de 2013

O QUE CONTRIBUI PARA A FELICIDADE DOS ADOLESCENTES



A Universidade de Essex acabou de publicar um trabalho de investigação sobre a felicidade dos adolescentes da classe média em Inglaterra. Os resultados da investigação, baseados em inquéritos realizados a 5000 crianças de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 10 e os 15 anos, e vivendo com familiares com um rendimento mensal estimado em 1500€, concluem que os três fatores determinantes para o bem-estar dos adolescentes são: a estabilidade da vida familiar, a estabilidade na escola e a existência de um grupo de amigos de proximidade com quem possam conviver frequentemente.
Embora num período de crise económica o acesso a bens materiais possa influenciar o bem-estar dos adolescentes, o fator mais importante na sua perceção do estatuto social dos pais reside na quantidade e na variedade de comida que é posta na mesa. No campo da nutrição, o estudo conclui que as crianças que comem todos os dias legumes e frutas têm tendência para serem mais ativos e alegres do que as que recorrem ao fast food, o que pode estar relacionado com fatores de desigualdade económica e cultural.
Numa secção dedicada à internet, o estudo conclui que o acesso à mesa é muito importante, seja para estudar seja para jogar. No entanto, o uso intensivo da internet superior a uma hora por dia, pode ser sinal de infelicidade e de isolamento do adolescente, impedindo-o de participar em atividades sociais e lúdicas com outros jovens da sua idade.
Das atividades sociais mais apreciadas constam, nos primeiros lugares, o lanche em grupo, o estudo em grupo, os passeios de bicicleta e as idas à piscina. Em casa, os adolescentes mais satisfeitos são os que têm um quarto só para si e equipamento audiovisual.
Entre os 10 e os 12 anos, as raparigas são mais felizes do que os rapazes. Em contrapartida, entre os 12 e os 15 anos, são elas as mais infelizes. As razões aduzidas prendem-se com o facto de, nestas idades, as raparigas serem mais controladas pelos pais e começarem a preocupar-se demasiado com o seu aspeto e com a opinião dos outros.

                                       Rossana Appolloni

quarta-feira, 10 de abril de 2013

OLHAR SOBRE AS FAMÍLIAS





            Em todas as épocas e culturas, a família foi sempre o espaço de refúgio e de alento da criança e de todos aqueles que a constituíam.
Era na família que se encontravam, em geral, as maneiras de fazer face às dificuldades com que as pessoas se confrontavam.
Os valores que se aprendiam no lar, como os da responsabilidade, da amizade, da verdade, do trabalho, partilhados pelas pessoas com os mesmos laços de sangue, eram os que proporcionavam as melhores resistências aos embates da vida.
No entanto, o mundo mudou. As distâncias, hoje, entre as pessoas, são mais curtas e mais rápidas. Conseguimos, em tempo real, ver e falar com alguém que está no outro lado da Terra. As ligações entre os membros da família, pelo contrário, enfraqueceram, tornaram-se mais distantes e menos intensas.  
Ela que era a fortaleza contra os abalos que cada um dos seus membros pudesse sofrer, encontra-se, agora, debilitada e fragilizada. Desagrega-se mais facilmente perante um qualquer vento mais forte da vida.
O papel dos pais modificou-se; a sua autoridade diminuiu. Muitos deles deixaram de ser a referência que os filhos necessitariam para se desenvolver psicológica e moralmente. Enfim, a família precisa de ajudas.
Mas de que ajudas ela necessita?
Se olharmos à volta, pergunta-se se é possível que se exija que muitas famílias cumpram os seus deveres de acolhimento e de educação quando elas se confrontam com o desemprego, a pobreza, a exclusão, a violência…?
Por isso, urge dar dignidade a todas as famílias. Se esta urgência passa, em primeira instância, pelo Estado, tal não dispensa que as organizações e os cidadãos se devam eximir dos seus deveres de solidariedade.

                                                         Mário Freire

segunda-feira, 8 de abril de 2013

DESEJO



Expressar qualquer desejo
provém de algo consciente
conectado a um ensejo,
ambos já em nossa mente.

Vem com isso a expectativa
de que seja satisfeito.
Daí a iniciativa
de algo, então, tomado a peito.

Fito posto no que é ter,
cria anseio qual se traduz
num limite à expectação.

Quando a fé está no ser,
este ao alvo nos conduz:
Advém a satisfação.

João d’Alcor


sábado, 6 de abril de 2013

COMUNICAR AMOROSAMENTE



Há muitas pessoas que, com a preocupação e a desculpa de não quererem ser desagradáveis, tentam evitar situações que possam suscitar conflitos. No entanto, evitar o problema não o resolve, pelo que a sensação de desconforto é constante, mesmo quando se tenta fazer de conta que se consegue lidar com a questão através do silêncio, da aparente indiferença.
O sentimento de raiva, frustração, injustiça ou rancor tem uma energia própria e quando não consegue encontrar forma de se manifestar, acaba por se canalizar para o nosso corpo: daí as dores de cabeça, o cansaço, entre outros sintomas. Além do mal-estar físico, a sensação de angústia permanece. Assim, a única saída é mesmo aquela de enfrentar o problema e/ou a pessoa que está na origem da sua existência.
Por vezes, a nossa tendência é ir aguentando, na esperança que tudo se resolva por si. Quando afinal nada se resolve sozinho, salta-nos a tampa, como se diz na linguagem popular, e o que poderíamos ter dito de forma mais tranquila, vem acompanhado por muita agressividade.
Pode acontecer que a outra pessoa esteja consciente do mal-estar que lhe anda a provocar, mas também pode acontecer que não tenha a mínima ideia de lhe estar a suscitar tais emoções. Nesse caso, porque não encarar o confronto como uma oportunidade para que a outra pessoa mude de atitude? Se tal não for o caso, que tal ir dizendo as coisas aos poucos de forma a não ter que explodir de uma só vez, criando assim outro problema? Ou mesmo que diga tudo, o importante é levantar a questão, mas de preferência de forma amorosa e construtiva.
Lembre-se: os outros vão reagir com a mesma energia que nós lhes dermos inicialmente. Se der amor e compreensão, será isso que vai receber em troca. Para seu bem, imponha os limites de forma positiva e verá que tudo se revolve.

                                    Rossana Appolloni


quinta-feira, 4 de abril de 2013

CULTIVAR-SE A INTELIGÊNCIA OU A SABEDORIA?



     Um jovem que é capaz de entrar, informaticamente, em sistemas altamente blindados, que consegue extrair deles informação confidencial e perigosa é, certamente, uma pessoa inteligente, independentemente, depois, de ter ou não feito mau uso dela.
Igualmente, um estadista que, perante grave problema, consegue discernir, de entre as várias soluções que se lhe apresentam, aquela que melhor pode contribuir para uma solução sustentada, tendo em vista o bem daqueles que governa, sem subjugação aos lóbis instalados, é uma pessoa inteligente.
A diferença entre a primeira pessoa citada e a segunda é que esta agiu com sabedoria enquanto que a outra não.
            A inteligência tem a ver com a capacidade que alguém tem para aprender, compreender ideias, resolver problemas, utilizar os conhecimentos e aplicá-los em situações diferentes. A sabedoria, por sua vez, é a capacidade que permite discernir o melhor caminho a seguir, a melhor decisão a tomar, tendo em consideração os diferentes contextos que a vida apresenta.
            Ser-se inteligente não significa ter-se sabedoria; assim como ser-se experiente não significa ter-se sabedoria. A sabedoria é um conceito englobante em que, não estando dela excluídas a inteligência e a experiência, ela as ultrapassa com a inclusão da paciência, da delicadeza, da humildade, da escuta dos outros, da oportunidade, da ética.
           A escola preocupa-se, fundamentalmente, com a inteligência, com a acumulação de saberes e com a sua aplicação. No entanto, a aprendizagem da sabedoria também nela deveria ter lugar pois é dela que resultam as decisões que ajudam a mudar as pessoas e o mundo para melhor.
    Aprende-se a sabedoria estando-se atento a si próprio, aos outros e às circunstâncias, analisando com humildade os êxitos e reconhecendo os insucessos, para deles, depois, com serenidade, retirar as consequências.
         Sejamos sábios e que a sabedoria se instale no poder!

                                                      Mário Freire

terça-feira, 2 de abril de 2013

DESCONHECIDO



Por caminho já trilhado,
surge tendência a descuidar
o além do nosso fado
onde há tanto a desbravar.

Via que é desconhecida
nem por isso é perigosa:
Leva a ver ser tão cabida
sua face misteriosa.

Perde quem, sem ousadia,
face a ela, receoso,
cria um beco, a toda a hora.

Rumo ignoto traz o dia
em que um sol mais radioso
já não vai: Em nós ele mora.

João d’Alcor