segunda-feira, 29 de outubro de 2012

RANKING DAS ESCOLAS - INTERIORIDADE E INSULARIDADE


             Observando as estatísticas referentes à distribuição dos resultados escolares nas diferentes escolas do País, no que se refere aos exames dos 6º, 9º e 11º/12ª anos do ano lectivo de 2012, verifica-se que essa distribuição está longe de ser uniforme pelo território nacional.
            Atribuir esta discrepância a um melhor ou pior funcionamento das escolas ou à melhor ou pior qualidade dos alunos seria fazer uma análise distorcida e incompleta porque iria omitir realidades socioeconómicas e culturais que lhes subjazem.
Num primeiro olhar sobre estas estatísticas, elas dizem-nos que, de um modo geral, as regiões Norte e Centro, não interior profundo, por um lado, e o Sul e Arquipélagos dos Açores e Madeira, por outro, com algumas excepções, se encontram bem demarcadas, em que estes últimos saem em desvantagem. A interioridade e a insularidade são, pois, companheiras nos resultados menos satisfatórios dos nossos alunos.
É claro que nos dias de hoje, estar-se no interior ou nas Regiões Autónomas não é impeditivo de se falar com um nosso interlocutor e vê-lo, em tempo real. Aparentemente, na aldeia global em que vivemos, tudo e todos estão próximos.
Insularidade e interioridade, em si mesmas, não deveriam ser, pois, factores que, medindo-se, apenas, pela distância que as separa da centralidade ou pelo tempo que se leva a percorrer essa distância, suscitassem atrasos na educação ou em outros sectores da actividade humana.
Ora, acontece que o distanciamento da centralidade, dos locais onde se concentram os poderes, acarreta, ainda, de modo significativo, assimetrias de natureza educacional, social, económica e cultural. 
Há que combater, pois, essas assimetrias proporcionando aos poderes dessas regiões, autónomas e do interior, condições para que possam atrair investimentos de várias naturezas. Para isso, há que facilitar a mobilidade, simplificar procedimentos administrativos, combater o desemprego com incentivos, desenvolver políticas de fixação com a criação de novos empregos, atacando, assim, a desertificação demográfica e o êxodo juvenil.  
Ter maus desempenhos escolares não é, apenas, um mero problema de escola mas, também, a consequência de múltiplas variáveis de que os poderes políticos talvez sejam os principais responsáveis.

                                                   Mário Freire