sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A SABEDORIA DO EPICURISMO - 1


O Epicurismo é a doutrina do filósofo Epicuro (341 - 270 a.C., Grécia Antiga), a qual propõe lições para a vida que ainda hoje se revelam de grande pertinência para quem se interroga sobre o que é a felicidade.
O ponto de partida do epicurismo consiste em reconhecer que um corpo humano em sofrimento não consegue experimentar nem o prazer nem a felicidade. A tarefa prática da filosofia consiste assim, antes de mais, em ensinar os homens a viver sem dor.
Para Epicuro, os fatores mais importantes do sofrimento no ser humano são a fome, a sede, o frio e o medo da morte. É da satisfação das necessidades orgânicas básicas que depende, em primeiro lugar, a experiência do prazer e a hipótese de felicidade. A afirmação do prazer como ausência de sofrimento e como satisfação das necessidades vitais é, assim, um bem prioritário absoluto. No entanto, uma vez satisfeitas as necessidades humanas elementares, as pessoas têm tendência para desenvolver desejos que nem sempre têm condições objetivas para satisfazer.
Ambicionar ter uma vida melhor não é, em si mesmo, um mal. Porém, quando os nossos desejos são alimentados por fantasias irrealistas e irrealizáveis de poder, de riqueza ou de luxúria, criamos condições subjetivas de frustração que alimentam sentimentos prováveis de insatisfação, inveja e infelicidade.
É contra os desejos fúteis ou impossíveis de alcançar que se bate uma atitude de vida baseada na sabedoria. A lição primordial de ética epicuriana consiste em disciplinar os desejos irrealistas supérfluos e em tentar alcançar um estado de equilíbrio entre a satisfação das necessidades naturais e o travão ao impulso de desejos vazios, de comportamentos excessivos ou de compromissos que não podemos satisfazer. Devemos, pois, valorizar aquilo que temos e contentar-nos com aquilo que nos é possível alcançar em cada momento da vida.

                                                                           Rossana Appolloni