quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A SABEDORIA DO EPICURISMO - 2




A primeira lição do Epicurismo diz-nos que devemos disciplinar desejos irrealistas supérfluos e tentar encontrar um equilíbrio entre o que temos e o que nos é possível alcançar.
A segunda grande lição consiste em fazer-nos compreender que a ascese implícita na recusa da futilidade, do supérfluo, do desperdício e da vanglória, e que a opção por uma vida simples e coerente, pautada pela temperança, pela prudência e pelo sentido da justiça, não pode ser feita em solidão.
Os amigos são um bem maior da existência e da vida em sociedade. É com os amigos que trocamos confidências, é com os amigos que recordamos os bons momentos do passado, é com os amigos que partilhamos alegrias e tristezas, projetos e desilusões. É com os amigos que aprendemos muito do que é a experiência humana. É com a palavra amiga que nos sentimos confortados.
O que Epicuro deixa subentendido nesta valiosa lição é o papel terapêutico da palavra que representa um gesto de compreensão, de aceitação e de apoio afectivo. A função espiritual da palavra amiga só se realiza numa relação de intimidade e de confiança entre duas pessoas que se respeitam.
O sentimento de culpa e as dúvidas de uma consciência moral atormentada podem aliviar-se ou dissipar-se na confissão feita a um amigo em quem confiamos e perante o qual nos sentimos livres.
Exprimirmo-nos com liberdade é saber que não vamos ser censurados nem castigados, digamos o que dissermos. Foi esta atitude de vida que Epicuro desenvolveu com os seus alunos e foi ela que o tornou um mestre venerado na Grécia Antiga.
(continua…)
                                                Rossana Appolloni