domingo, 21 de outubro de 2012

AS RELAÇÕES DENTRO DA FAMÍLIA


              No seu sentido mais tradicional, a família é o agregado doméstico composto de pessoas unidas pelos vínculos de casamento, parentesco e afinidade. Hoje, o conceito de família estende-se a outras formas de agregado doméstico que não implicam, necessariamente, quer o casamento, quer a existência simultânea de um pai, uma mãe e filhos. Cada vez mais se vai ouvindo falar em uniões de facto, assim como de famílias monoparentais.
Seja qual for o modelo adoptado, a família constitui um espaço essencialmente afectivo. E se essa afectividade for vivida intensamente, de maneira positiva, todos aqueles que dela fazem parte poderão transmitir para fora dela essas vivências que nela experimentaram. Quer isto dizer que se na família houver relações de amizade e de paz, esses mesmos sentimentos serão transmitidos nas relações que os seus membros estabelecerem com os outros. A recíproca também é verdadeira: numa família em que a agressividade seja uma constante, onde os filhos vêem os pais a ofenderem-se, onde eles próprios ofendem e são ofendidos, é provável que estes elementos, nos diferentes ambientes em que se inserem, sejam eles o escolar, o profissional, o social, não encontrem maneiras ajustadas e pacíficas de resolver os conflitos ou, simplesmente, as frustrações que o dia a dia lhes traz. 
Claro que há sempre razões e, por vezes, ponderosas, para que as famílias nem sempre funcionem adequadamente. E, em muitas circunstâncias, essas razões pouco têm a ver com elas próprias. Será que o Estado inventariou causas que, em primeira instância, lhe são atribuídas por esse mau funcionamento das famílias?

                                                              Mário Freire