sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A CULTURA E A IGREJA - 3


            O átrio dos gentios era um espaço dentro do templo israelita que ficava fora da área confessional. Ali podiam aceder todos os povos, mesmo aqueles que não pertenciam ao judaísmo. Era o lugar onde qualquer pessoa, professando outra religião, poderia invocar os seus deuses ou, até, nem ter religião mas querer debater com os outros as suas próprias convicções.           
Também os cristãos tentam criar espaços que possam atrair os não crentes e os indiferentes para um debate sobre a fé e a cultura.
Esta acção de revitalização do diálogo entre pessoas que não perfilham dos mesmos princípios de fé, está a tentar levar-se a cabo pela Igreja Católica, a partir de um discurso de Bento XVI, em 2010.
O que se pretende, afinal, com o “Átrio dos gentios”, esse movimento que agora está a tomar corpo?
O seu objectivo é, fundamentalmente, este: que a mensagem cristã seja culturalmente relevante não só para os crentes mas, também, para aqueles que se situam de fora, nas margens ou na indiferença dessa mesma mensagem. Trata-se, afinal, de abrir o cristianismo e a Igreja a outros que não perfilham esses valores e de pôr todos a reflectir sobre temas que têm constituído interrogações que acompanham o homem desde sempre.
Se Barcelona foi já palco, neste ano de 2012, de um fórum de discussão sobre “Arte, beleza e transcendência”, em Estocolmo discutir-se-á a Ciência e a Fé. Portugal também não se excluirá deste “Átrio” e, assim, em Guimarães e Braga, nos dias 16 e 17 de Novembro deste ano, serão discutidos temas que, decerto, contribuirão para melhor nos conhecermos naquilo que de mais profundo nos une ou nos separa. 
Afinal, cristãos e não cristãos, não estaremos todos, em função dos princípios que dizemos professar, situados, um pouco, nesse “átrio”?

                                                Mário Freire