terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

UMA EDUCAÇÃO BÁSICA PARA A VIDA



            Está a verificar-se por todos os países referenciados como desenvolvidos um desemprego estrutural. Este tipo de desemprego está relacionado com uma economia altamente competitiva, globalizada, tecnológica, desumanizada que põe em primeiro lugar o lucro. A pessoa é relegada para um plano muito secundário e, quantas vezes, considerada, apenas, como um factor de produção.
            Por isso, nos tempos em que vivemos, o saber e o saber-fazer são os melhores instrumentos para se conseguir o emprego. As instituições de ensino, do básico ao superior, têm, pois, um trabalho muito grande a desenvolver junto dos alunos, proporcionando-lhes os conhecimentos e as capacidades para que possam fazer face aos desafios que esta sociedade lhes coloca.
            Referir-me-ei, aqui, apenas ao ensino básico. Este nível de ensino, especialmente o 1º ciclo, é, na verdade, o alicerce sobre o qual irão assentar as aprendizagens posteriores. E com alicerces de areia, os edifícios mal chegarão a construir-se. Por isso, para bem da comunidade e, especialmente, daquela que menores recursos tem, um 1º ciclo do ensino básico de qualidade e exigente constitui, talvez, o principal promotor do desenvolvimento.  
            Mas, nem todos os alunos terão a possibilidade, devido a múltiplas circunstâncias, de seguir a via regular do ensino básico. Para isso, a partir de 2004, foram introduzidos os chamados Cursos de Educação e Formação (CEF). Estes Cursos constituem uma oportunidade para se poder concluir a escolaridade obrigatória através de uma via mais prática, flexível, de natureza profissionalizante e que abre mais perspectivas a uma entrada no mundo do trabalho.
            O ingresso nestes Cursos é feito só a partir dos 15 anos. Convinha, no entanto, que houvesse a oportunidade para todos aqueles que, devido às dificuldades que manifestam no ensino regular, apesar de poderem beneficiar de algum apoio complementar, de ingressarem naqueles Cursos com idades inferiores a 15 anos, com as adaptações julgadas convenientes.
Esses alunos, nestes cursos, com uma grande componente de natureza prática e profissionalizante, poderiam ganhar uma maior confiança em si próprios, não serem constantemente confrontados com o fracasso, não constituírem focos de indisciplina na sala de aula e adquirirem aquelas capacidades técnicas e humanas que os tornariam profissionais mais responsáveis e pessoas integradas na sociedade.   

                                        Mário Freire