Nantes é uma cidade francesa com cerca de 280.000 habitantes, alcançando a sua área metropolitana mais de 800.000. Já foi descrita como a cidade europeia com mais vida. Não sei se este título lhe é merecido mas, o que nela tem ocorrido nos últimos anos, no que se refere à educação, parece justificar bem aquela denominação.
Ora, é naquela cidade que se realizam as chamadas Questões de pais. Não se trata de uma conferência, colóquio ou seminário que aborde esta temática. Não! Do que está a falar-se é de uma mobilização quase geral da comunidade de Nantes para os múltiplos problemas que os pais enfrentam. Assim, em Outubro do ano transacto, pelo quarto ano consecutivo, essas grandes jornadas educacionais tiveram lugar durante uma semana, em vários locais da cidade, sempre em parceria com um grande número de associações e de actores que directamente estão ligados à família.
Os objectivos destas “Questões de pais” são os de incentivar a cidade e os seus parceiros a apoiar os pais, informá-los e dar-lhes os meios de encontrar profissionais ou outros pais com quem partilhar experiências, opiniões e problemas ou, simplesmente, cada um tentar encontrar as respostas às respectivas questões.
Os temas são variados: relações e comunicação entre pais e filhos; modos de exercer a guarda das crianças; nascimento e primeira infância; relações entre os pais; apoio às famílias; alimentação…
Os temas são tratados de múltiplas maneiras, desde a convencional conferência, com ou sem debate, passando por pequenos grupos onde as pessoas discutem determinadas situações, tentando encontrar pistas de actuação, até ao cine-debate e ao teatro-debate, em que após a projecção ou teatralização de uma ou várias situações relacionadas com os temas das jornadas, os assistentes são convidados a emitir as suas opiniões.
Nenhum dos pais está excluído desta grande acção pois ela tem em vista abranger todo o tipo de situações desde os filhos bebés, 1ª e 2ª infâncias, adolescência, filhos deficientes até filhos pós-adolescentes.
Aspecto que me surpreendeu foi o de estarem implicadas dezenas de associações, identificadas, aliás, com os respectivos contactos no site da organização (www.questionsdeparents.nantes.fr). Saliento, apenas, três para se ter uma ideia do tipo de instituições implicadas nesta grande intervenção da sociedade de Nantes: “Associação de famílias monoparentais e recompostas”, “Escola de pais e de educadores” e “Pais, filhos, separação”.
Eis aqui uma iniciativa que potencia o papel das organizações que já se encontram a trabalhar no âmbito educacional e familiar e que poderia ajudar a resolver alguns dos muitos problemas com que se confrontam muitas das nossas famílias.
Mário Freire