Desenvolvimento local e participação
Desenvolvimento é uma das palavras que mais domina não só o vocabulário dos economistas e políticos mas, também, o das pessoas comuns. Ele, no entanto, tem uma significação um pouco ambígua. Nem todos o interpretam da mesma maneira.
Para uns significa, simplesmente, crescimento económico, aumento da riqueza material, maior aproveitamento dos recursos humanos, naturais e tecnológicos.
Outros entenderão o desenvolvimento numa forma mais ampla. Assim, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento considera um conjunto de índices, a partir dos quais estabelece uma seriação dos países, tais como a esperança de vida à nascença, a taxa de alfabetização de adultos, a taxa de escolaridade, o PIB per capita... Trata-se de uma perspectiva mais abrangente em que se valorizam outros aspectos, além dos económicos.
Outra perspectiva de ver o desenvolvimento é a que diz respeito ao modo como são satisfeitas as necessidades de uma comunidade a partir da participação dos elementos da própria comunidade. É o desenvolvimento local. Este tipo de desenvolvimento tem a ver não tanto com a aquilo que o Estado faça ou se espera que ele possa e deva fazer junto das populações mas, principalmente, com o que as próprias populações podem e devem fazer no sentido de contribuírem para a satisfação das suas carências e aspirações. Esta perspectiva valoriza as pessoas, fazendo-as protagonistas no seu próprio desenvolvimento.
O desenvolvimento local diz respeito a uma comunidade que identifica um conjunto de necessidades e interesses, tentando dar-lhes satisfação quer pela realização de acções de solidariedade concretas através da mobilização dos seus próprios recursos, quer recorrendo a recursos de fora. O desenvolvimento local situa-se para além do crescimento económico pois preocupa-se com o risco da degradação da Natureza e com o carácter limitado dos recursos naturais.
No desenvolvimento local assiste-se a um esforço para que os diferentes elementos de uma comunidade, devidamente organizados, numa lógica de participação solidária, criem e planeiem estratégias para fazerem face aos problemas e aspirações da comunidade. Isso implicará um diálogo constante com as autoridades locais, representantes políticos, organizações cívicas, empresários…, tendo em vista os objectivos que se pretendem atingir.
Nestes tempos difíceis, ninguém pode ficar alheio ao que se passa à volta. A participação construtiva dentro das comunidades em que cada um vive, mais do que um direito, é um dever cívico.
Mário Freire