As relações interpessoais são um dos
pilares mais importantes para uma vida feliz. Uma vida feita em conjunto com os
outros ganha mais sentido, pois enriquece consideravelmente a experiência
vivida. Se queres ir rápido vai sozinho,
se queres ir longe vai acompanhado, diz um provérbio africano. De facto, as
vivências têm sabores diferentes consoante caminhamos sozinhos ou acompanhados.
Se queremos uma vida rica e intensa do ponto de vista humano em termos de
afetos, de aprendizagens, de partilhas, o importante não é ir rápido, mas sim
longe, o mais longe possível. Ir rápido implica focar-se numa meta e querer chegar
lá depressa, independentemente do ritmo dos outros; ir longe significa que a
meta não é o mais importante, mas sim o caminho. E pelo caminho encontramos tudo
o que precisamos para um percurso de crescimento humano, de desenvolvimento
pessoal, de exploração de todo o nosso potencial para fazer frente às
tempestades e às bonanças que naturalmente existem. Se queremos atravessá-las
rápido talvez não consigamos captar o seu propósito no nosso percurso; se
queremos chegar longe, tentamos integrá-las e com elas crescermos. Chegar longe
requer o cuidado de olhar para os que estão à nossa volta e de deixarmos que
olhem para nós. No olhar recíproco está o reconhecimento e a valorização de uma
relação.
Se conseguíssemos olhar para as
pessoas com um olhar de quem não está à espera de nada e de quem não se sente
obrigado a dar nada, cada gesto seria sentido com infinita gratidão e
maravilha. Deixaríamos que o encanto das relações, a genuinidade do dar e
receber, a autenticidade de se ser quem se é, aflorasse a cada momento de
interação. Dar simplesmente porque sim, porque nos faz bem, porque é inevitável
quando se é feliz. Permitir-se receber porque se merece, porque nos faz sentir
importantes, porque valoriza a nossa existência. E neste dar e receber faz-se
uma caminhada juntos, onde ninguém vai mais à frente nem mais atrás, mas sim
lado a lado, porque é juntos que chegaremos longe, o mais longe possível. Porém,
só é possível ir lado a lado quando ninguém se puxa, se empurra, se pendura,
quando ninguém exige, pressiona, chantageia; só é possível ir lado a lado
quando cada um caminha por si próprio, na alegria de não estar sozinho.
Rossana Appolloni