Esta foi uma das
frases que o Senhor Presidente da República proferiu no seu discurso, na
Assembleia da República, em 25 de Abril do ano passado. Nada mais verdadeiro.
Aliás, precisamos não só de professores motivados, mas também de alunos e,
ainda, de pais que se interessem pelo andamento dos estudos dos seus filhos.
Centrando-me, apenas,
no título desta crónica, diria que há vários factores que são determinantes na
motivação dos professores. Referir-me-ei, apenas, às condições com que se
apresentam os alunos da turma. O caso que ilustro é retirado do livro A
sala de aula, de Maria Filomena Mónica, e é relatado por uma professora
do 6º ano de uma escola dos arredores de Lisboa. Abreviando o que ali se diz, numa
turma com 21 alunos, dez apresentavam problemas diversos (surdez profunda,
minorias étnicas, abandono pelos pais, estrangeiros, hiperactividade,
pré-delinquência…) e onze eram considerados “normais”. Destes, porém, cinco são
filhos de pais divorciados, manifestando dificuldades que decorrem de
separações de grande conflito.
Haverá alguma
motivação que resista a um quadro deste tipo? É certo que nem todas as turmas
terão esta composição de situações entre os alunos. Mas tenho podido
testemunhar, de modo indirecto, que a centenas de quilómetros de Lisboa também
se encontram, e com muita frequência, muitos casos destes nas turmas.
A motivação dos
professores é, pois, uma resultante de múltiplas variáveis, entre as quais se
destacam as condições que lhes são oferecidas para exercerem a sua missão. Não
é por acaso que é na docência que ocorre o maior número de aposentações
prematuras e o maior número de casos a serem acompanhados psiquiatricamente.
Talvez valesse a pena
examinar mais em pormenor essas situações com que os professores se confrontam
na sala de aula e que respostas a escola e o sistema de ensino têm (ou deveriam
ter) para, minimamente, as ultrapassar.
Mário
Freire