sexta-feira, 25 de outubro de 2013

USAR O PENSAMENTO E AS EMOÇÕES COM O XADREZ


Kasparov, um dos grandes mestres de xadrez de todos os tempos, em Maio de 1997, no centro de Manhattan, Nova Iorque, após 19 jogadas contra o Deep Blue, desistiu. Urge informar que o Deep Blue era um programa de computador de xadrez projectado por engenheiros da IBM. Esta derrota suscitou, então, um grande debate sobre o significado de um génio do xadrez ser derrotado por uma máquina. Significaria esta derrota uma ameaça à inteligência humana?
Associa-se uma alta correlação entre a inteligência e a capacidade de jogar xadrez, isto é, quanto mais inteligente uma pessoa for, melhor joga xadrez e vice-versa. Jogar xadrez pode, pois, ser um meio de ajudar as pessoas a pensarem melhor.
Muitos autores, porém, não se ficam, apenas, com esta relação para se ter êxito no xadrez; eles dizem que, para além dos aspectos cognitivos, há-os de ordem emocional que condicionam, igualmente, o sucesso no jogo. Não se estranha, por isso, que em muitos países, o ensino do xadrez faça parte do currículo das escolas básicas e secundárias.
De acordo com um livro recentemente saído de Paul Tough (Educar para o futuro), em que se abordam alguns tópicos sobre este tema, destacaria duas das funções mais postas em evidência durante o jogo. Uma delas é a flexibilidade cognitiva. Ela consistiria em “ver soluções alternativas para os problemas, de pensar para além dos limites, de gerir situações pouco familiares”.
A outra função que se destacaria no xadrez seria o autocontrolo cognitivo, isto é, “a capacidade de inibir uma resposta instintiva ou habitual e de a substituir por uma mais eficaz e menos óbvia”.
Pergunto-me a mim próprio, perante estas oportunidades de aprendizagem que o xadrez nos traz, se não seria útil a muitos dos nossos líderes, políticos e empresariais, terem um curso intensivo de xadrez antes de assumirem os seus cargos!?  


                                              Mário Freire