Kasparov,
um dos grandes mestres de xadrez de todos os tempos, em Maio de 1997, no centro
de Manhattan, Nova Iorque, após 19 jogadas contra o Deep Blue, desistiu. Urge
informar que o Deep Blue era um programa de computador de xadrez projectado por
engenheiros da IBM. Esta derrota suscitou, então, um grande debate sobre o significado
de um génio do xadrez ser derrotado por uma máquina. Significaria esta derrota
uma ameaça à inteligência humana?
Associa-se
uma alta correlação entre a inteligência e a capacidade de jogar xadrez, isto
é, quanto mais inteligente uma pessoa for, melhor joga xadrez e vice-versa. Jogar
xadrez pode, pois, ser um meio de ajudar as pessoas a pensarem melhor.
Muitos
autores, porém, não se ficam, apenas, com esta relação para se ter êxito no
xadrez; eles dizem que, para além dos aspectos cognitivos, há-os de ordem
emocional que condicionam, igualmente, o sucesso no jogo. Não se estranha, por
isso, que em muitos países, o ensino do xadrez faça parte do currículo das
escolas básicas e secundárias.
De
acordo com um livro recentemente saído de Paul Tough (Educar para o futuro), em que se abordam alguns tópicos sobre este
tema, destacaria duas das funções mais postas em evidência durante o jogo. Uma
delas é a flexibilidade cognitiva. Ela consistiria em “ver soluções
alternativas para os problemas, de pensar para além dos limites, de gerir
situações pouco familiares”.
A
outra função que se destacaria no xadrez seria o autocontrolo cognitivo, isto
é, “a capacidade de inibir uma resposta instintiva ou habitual e de a
substituir por uma mais eficaz e menos óbvia”.
Pergunto-me
a mim próprio, perante estas oportunidades de aprendizagem que o xadrez nos
traz, se não seria útil a muitos dos nossos líderes, políticos e empresariais,
terem um curso intensivo de xadrez antes de assumirem os seus cargos!?
Mário Freire