segunda-feira, 7 de outubro de 2013

UM MAR DE INCERTEZAS



             Passou a época dos exames. Cada vez mais eles estão a assumir um papel determinante na vida de um aluno.

            Uma discussão que, julgo, pode ter interesse, é o de ver se os exames conseguem seriar com fiabilidade os alunos que sabem dos que não sabem.

            Esta questão já não é de agora mas todos anos, na altura própria, adquire relevo. Trata-se, afinal, de saber se um aluno com uma dada classificação, se fosse classificado por um outro examinador não iria obter uma outra classificação que lhe fosse mais favorável. E a questão não é despicienda quando se trata da obtenção de classificações que podem ditar a inclusão ou exclusão quer do curso do ensino superior pretendido, quer da localidade onde ele é ministrado.

            O sistema já prevê essas possíveis discrepâncias de examinador para examinador e, por isso, há a figura da revisão de provas que pode atenuar o problema. Este, no entanto, continua a subsistir.

            Existe uma palavra – docimologia – que se refere, precisamente, ao estudo e análise da avaliação e onde se inclui essa variabilidade de critérios de avaliação de uma prova. Ainda há pouco tempo, a propósito da época de exames em França, a jornalista de educação Sophie de Tarlé enviou uma cópia de uma prova de filosofia a vários professores e verificou que, numa pontuação máxima de 20, as classificações atribuídas oscilaram entre 6 e 14.

            A subjectividade do acto de classificar é intrínseca a ele próprio; ela é tanto mais saliente quanto menos concreta é a matéria sobre que se exerce tal acto. Existem algumas disposições quer a utilizar, quer a evitar que podem reduzir essa subjectividade. E essas disposições aplicam-se tanto a quem faz as provas como a quem as corrige.

            Que os alunos possam ter a retribuição justa do que estudaram (ou não estudaram) eis o que se deseja, no meio deste mar de incertezas em que vivemos o qual se estende à classificação de uma simples prova de exame!   

                                                   Mário Freire