É lugar-comum dizer-se
que o homem é um ser social. Faz parte da sua natureza a sociabilidade. O seu
desenvolvimento equilibrado tem muito a ver com o tipo de relações
interpessoais entre os membros que integram os meios em que ele está incluído,
começando logo pela família.
Não tem pertencido à
nossa cultura escolar o trabalho em equipa. Esta, no entanto, é o meio natural
onde nascem e crescem os projectos educativos. É certo que o trabalho de um
professor é, essencialmente, solitário; e esta circunstância, em nome da
liberdade pedagógica, preserva a sala de aula como o espaço central do seu
trabalho.
Ora,
para além deste espaço, há muitos outros de intervenção pedagógica que podem
ser partilhados; para isso, terá que haver uma definição comum sobre o
exercício da profissão de professor e, igualmente, um desejo de colaborar.
Os
aspectos disciplinares, a luta contra o insucesso e abandono escolares, o estabelecimento
de um projecto de escola, as relações com a família e com os alunos e as suas
participações nesse mesmo projecto, eis alguns tópicos que poderiam suscitar a
formação de equipas de professores. Estas poderiam colocar em comum pontos de
vista e chegarem a conclusões que permitissem intervenções.
Nem
sempre, porém, as relações entre os professores serão as mais perfeitas para
estabelecer essas conclusões; há conflitos entre eles, de que pouco se tem
falado na literatura educacional, que não facilitam as acções que seriam de
desejar. Talvez a existência de alguém com estatuto profissional reconhecido
pela comunidade escolar, sem pertencer à sua hierarquia, (ou, até, de fora da
escola) pudesse mediar e ser facilitador do diálogo pedagógico, tendo em vista
os superiores interesse da educação.
Só
a disponibilidade para o trabalho em equipa e o desejo de encontrar soluções
para os problemas identificados poderiam facilitar o alcance de resultados.
Mário Freire