domingo, 25 de agosto de 2013

O TRABALHO EM EQUIPA NOS PROFESSORES


          É lugar-comum dizer-se que o homem é um ser social. Faz parte da sua natureza a sociabilidade. O seu desenvolvimento equilibrado tem muito a ver com o tipo de relações interpessoais entre os membros que integram os meios em que ele está incluído, começando logo pela família.
        Não tem pertencido à nossa cultura escolar o trabalho em equipa. Esta, no entanto, é o meio natural onde nascem e crescem os projectos educativos. É certo que o trabalho de um professor é, essencialmente, solitário; e esta circunstância, em nome da liberdade pedagógica, preserva a sala de aula como o espaço central do seu trabalho.
Ora, para além deste espaço, há muitos outros de intervenção pedagógica que podem ser partilhados; para isso, terá que haver uma definição comum sobre o exercício da profissão de professor e, igualmente, um desejo de colaborar.
Os aspectos disciplinares, a luta contra o insucesso e abandono escolares, o estabelecimento de um projecto de escola, as relações com a família e com os alunos e as suas participações nesse mesmo projecto, eis alguns tópicos que poderiam suscitar a formação de equipas de professores. Estas poderiam colocar em comum pontos de vista e chegarem a conclusões que permitissem intervenções.
Nem sempre, porém, as relações entre os professores serão as mais perfeitas para estabelecer essas conclusões; há conflitos entre eles, de que pouco se tem falado na literatura educacional, que não facilitam as acções que seriam de desejar. Talvez a existência de alguém com estatuto profissional reconhecido pela comunidade escolar, sem pertencer à sua hierarquia, (ou, até, de fora da escola) pudesse mediar e ser facilitador do diálogo pedagógico, tendo em vista os superiores interesse da educação.
Só a disponibilidade para o trabalho em equipa e o desejo de encontrar soluções para os problemas identificados poderiam facilitar o alcance de resultados.


                                Mário Freire