quinta-feira, 30 de agosto de 2012

CLEMÊNCIA



Que bom é alguém honrar,
perdoar, ser indulgente,
acolher, saber amar;
em resumo, ser clemente.

A clemência vem a ser,
no sentido mais profundo,
o deixar transparecer
nosso amor por todo o mundo.

Por nobreza de conduta,
faz o bem e dele desfruta,
fora de qualquer vaidade.

Mui além de dar a mão,
sabe abrir o coração,
sem reservas nem alarde.

João d’Alcor

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

DESAFIOS DA EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO XXI - 3


                                         Os espaços e os tempos   
           
            Há 30 ou 40 anos o saber encontrava-se devidamente organizado, quer no espaço, quer no tempo. Explico melhor: havia as bibliotecas que continham livros nos quais procurávamos satisfazer as nossas inquietações intelectuais ou emocionais; havia a escola onde o professor, com a autoridade que lhe conferia a sua posição, comunicava o seu saber, dizia ao aluno o que estava certo ou errado, fazia cumprir as normas vigentes. O espaço e o tempo estavam definidos e cada um sabia que para determinado tempo havia um espaço, fosse ele para aprender, divertir, interagir…
O que agora assistimos é que esses espaços e esses tempos deixaram de ter a correspondência que tradicionalmente lhes estavam reservados. Eles interpenetram-se sem que, com rigor, possamos dizer quais são os tempos a que correspondem determinados espaços e vice-versa.
O saber já não se encontra apenas na biblioteca, nem no professor, nem na escola. O aluno, através de um click no computador, tem acesso ao último progresso feito sobre um tema que tinha sido dado na aula, acrescenta informação àquela que lhe foi proporcionada e, até, corrige a informação que o professor lhe tinha fornecido na véspera sobre o assunto.
O adolescente conversa, em casa, a partir do facebook, com os seus colegas e amigos sobre a última banda a cujo concerto assistiu no Youtube; comenta a actuação da sua artista preferida no espectáculo que está a ser transmitido em directo, enviando sms a outros fans como ele e, no intervalo do espectáculo, acede à página do professor na internet que lhe indica as normas de um certo trabalho que tem de apresentar. Representação caricatural? Talvez não tanto!
É nesta multiplicidade de tarefas, em que imagens, sons e objectivos se misturam, que o adolescente de hoje procura a sua identidade, afirma o seu caminho e tenta encontrar as referências que lhe hão-de servir de suporte para as suas grandes decisões na vida.
Que papel, então, para os pais? E que pais?
E a escola e os professores, como lidam eles com a descentralidade e dessacralização do saber? Que papel lhes está reservado?

As respostas a estas e outras perguntas talvez sejam mais do âmbito da filosofia do que da educação. De qualquer modo, a filósofos, a educadores e a outros que se dediquem aos problemas da contemporaneidade lhes cabe dizer uma palavra.

                                        Mário Freire

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

CIRCUNSPECÇÃO


Quem é sábio não se ilude
descobrindo - sabe ele onde -
no reverso da virtude,
os defeitos que este esconde.

Porém nestes sabe ver
forças, sim, a ter em conta:
Transformadas, podem ser
qualidades e de monta.

É sensato e bem capaz
de a quem erra dar a mão,
longe de ver-se mais perfeito.

E nos erros que ainda faz
vê um bem: O da lição
que redunda em seu proveito.

João d’Alcor

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

HOJE SINTO-ME GRATO/A POR...


Duas das principais emoções positivas que dizem respeito ao momento presente são o prazer e a gratidão. Saber apreciar os momentos positivos da nossa vida e reforçá-los contribui enormemente para o sentimento de felicidade. Exprimir gratidão pelo que nos vai acontecendo ajuda-nos a viver mais intensamente as emoções positivas e, consequentemente, a sentirmo-nos melhor. Assim, mesmo quando vivemos situações menos boas, devemo-nos concentrar sobre as emoções positivas em vez de tentarmos combater as negativas. E um dos modos de darmos atenção aos eventos positivos da nossa vida é através da gratidão.
Reconhecer o que os outros fazem por nós e retribuir-lhes faz-nos sentir bem. E quanto melhor nos sentimos, mais temos uma tendência natural e espontânea para ajudar. Contribuir para a felicidade das outras pessoas não só nos dá prazer como dá significado à nossa existência. Por essa razão, ajudar os outros é uma das componentes essenciais para se ter uma vida feliz. No entanto, só conseguimos ajudar se formos capazes de reconhecer e agradecer a ajuda que recebemos.
Uma pessoa infeliz, ao estar fechada em si própria e no seu sofrimento, não consegue ver o que de bom os outros lhe dão, o que de bom lhe acontece, pelo que tem muito menos probabilidade de conseguir ser prestável. Assim, temos de ginasticar a nossa mente para conseguirmos identificar a que é que estamos gratos hoje.
Seja grato pelo que de bom lhe acontece diariamente. Se tornar esta ação num ritual de fim de dia, vai-se surpreender com a quantidade de coisas positivas que lhe acontecem. Todos os dias há quem lhe estenda a mão, desde um sorriso inesperado até a atenção especial de um amigo. Sentir-se grato pelas experiências que vai tendo e pelas pessoas que vai encontrando na sua vida faz-lhe sentir que vive num mundo positivo.
                                                                    Rossana Appolloni

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

DESAFIOS DA EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO XXI - 2


                                            O virtual e o real 

            Não é preciso ser professor para verificar que, num contacto com os adolescentes e jovens, estes, de uma maneira geral, apresentam reduzida a sua capacidade de atenção. Se lhes for dado um trabalho em que seja exigida meticulosidade e tempo, depressa o colocam de lado, por enfado. Os seus ritmos de percepção das imagens e dos sons são mais rápidos mas, também, mais superficiais do que aqueles que há 40 anos existiam para idênticas faixas etárias.
Uma publicidade esmagadora associada ao acesso, quase ilimitado, a uma sociedade de espectáculo, sedutora, em que as imagens e os sons os acompanham dentro e fora de casa, deram lugar a um outro tipo de adolescentes e jovens. Os meios para tal usados foram-se substituindo ao papel que, tradicionalmente, cabia à escola e à família.
            Eles habitam no virtual. A utilização do livro e do caderno encontra-se num patamar diferente daquele que é usado na internet; a escrita de sms no telemóvel rege-se por padrões em que o tempo e a gramática adquiriram novas configurações; a interacção com colegas e amigos nas redes sociais introduziu novos aspectos às formas tradicionais da dinâmica de grupo.
 “Eles acedem”, segundo Michel Serres, da Academia francesa, “pelo telemóvel, a todas as pessoas; pelo GPS, a todos os lugares; pela internet, a todo o saber; eles habitam um espaço de vizinhanças, enquanto que nós habitamos um espaço métrico, referido pelas distâncias.”
É com características desta índole, suscitadas pelos tempos da era virtual, que a escola tem que lidar. Ter uma percepção dos problemas que se estão levantando pode ser já um início de resolução dos mesmos.

                                                Mário Freire

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

CIDADE


Ingressando na cidade,
que o ar puro, em seu espaço,
mais e mais se torne escasso,
faz-me pena, na verdade.

Vou ver nela, assim eu sonho,
não mais tráfico embuchado,
mas verdura em todo o lado,
gente calma, de ar risonho,

 grandes parques de lazer,
não mais turbas a correr,
de transportes, quanto baste.

Entre o campo e a cidade
estou certo que não há-de
 mais haver um tal contraste.

                                      João d’Alcor

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

FIXAR AS PESSOAS COM COMPETÊNCIAS


Para manter os trabalhadores de idade mais avançada em actividade, muitos países eliminaram os esquemas de reforma antecipada, aumentaram a idade oficial de aposentação e corrigiram os correspondentes incentivos fiscais.
Com o intuito de facilitar o emprego de trabalhadores seniores, alguns países tentam equilibrar os custos laborais e a produtividade, reduzindo as contribuições para a segurança social dos empregadores ou concedendo complementos de salário aos referidos trabalhadores.
A educação ao longo da vida melhora as possibilidades de emprego e desincentiva o abandono precoce do mercado de trabalho.
Em certos países, a perda de indivíduos com competências de qualidade, também conhecida como fuga de cérebros, gera escassez dos mesmos e constitui também uma perda para o Estado que investiu na respectiva formação.
A experiência demonstra que a melhor maneira de deter a fuga de cérebros é, por exemplo, melhorar as condições locais do mercado laboral em vez de impor medidas restritivas à emigração. Não esquecer, também, que a referida fuga pode dar-se no interior do próprio país, em particular, entre as regiões menos desenvolvidas e os centros urbanos.
O fenómeno afecta particularmente os jovens: as elevadas taxas de desemprego juvenil são uma das causas principais das migrações na sociedade actual.

                                            FNeves

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

ALIMENTAR A AUTOESTIMA PARA UMA VIDA POSITIVA


A autoestima tem um papel fundamental na conquista da felicidade. Ela pode ser definida como um sentimento que advém da relação entre os nossos objetivos e as nossas conquistas. No fundo, resulta de um processo de autoavaliação em que confrontamos o que somos com o que queremos ser.
Em geral, uma autoestima elevada está associada à realização de objetivos pessoais com sucesso, pelo que o seu desenvolvimento é fundamental pois influencia o nosso bem-estar. Deste modo, uma autoestima elevada permite-nos ter uma maior capacidade de adaptação a novas situações, autonomia e autocontrolo emocional, resistência às críticas negativas e controlo do stress.
Enquanto que as pessoas com um elevado nível de autoestima se preocupam em melhorar a própria qualidade de vida e em criar oportunidades para se valorizarem e progredirem, as pessoas com um baixo nível de autoestima tentam essencialmente evitar a frustração e a rejeição. Estas pessoas têm tendência a culpar os outros dos seus fracassos e desistem de lutar quando surgem dificuldades.
A autoestima acaba por implicar a confiança de que somos capazes de ultrapassar os desafios da vida e de que merecemos ser feliz. Temos o direito e o dever de afirmar as nossas necessidades, de realizar os nossos sonhos e de gozar os frutos dos nossos esforços. Há que trabalhar interiormente para termos a sensação de merecer tudo isto.
Se tivermos confiança em nós próprios e se acreditarmos firmemente que somos dignos da felicidade, então as nossas atitudes conduzir-nos-ão a sentimentos e emoções que virão reforçar o nosso sentimento de bem-estar. Para além disso, quanto melhor nos sentirmos connosco, mais reforçamos a imagem positiva de nós próprios e portanto, mais probabilidades temos de conquistar o que queremos.
Ter autoestima implica reagir aos desafios e às oportunidades de forma adequada e de explorar ao máximo os recursos que temos de forma a nos sentirmos confiantes connosco e com os outros para assim sermos mais bem sucedidos em tudo o que nos propomos fazer.

                                                          Rossana Appolloni




quinta-feira, 2 de agosto de 2012

RELAÇÕES PAIS - PROFESSORES


              Os pais são os parceiros privilegiados dos professores. Para isso, a escola tudo deve fazer para associar os pais ao desenvolvimento da escolaridade dos seus filhos. A criação de barreiras entre a escola e a família torna-se, pois, não só desnecessária como prejudicial.
            Se os professores têm um papel importante a desenvolver na educação dos alunos, também os pais têm o direito de ter uma palavra a respeito do trabalho que é feito na escola com os seus filhos.
            Os encontros pais - professores, as reuniões com o director de turma, a caderneta de ligação entre a escola e a família, as notas que alguns professores colocam nos testes, quando da sua correcção…são meios de que a escola se socorre para implicar a família na actividade escolar dos seus filhos mas, igualmente, oportunidades que os pais não devem perder para se informarem e darem as suas sugestões sobre o aproveitamento e comportamento escolares dos seus filhos, assim como do papel e funcionamento da própria escola.
            O facto de os filhos saberem que os pais estão a colaborar com os professores, imprimindo esta colaboração um discurso coerente entre estes dois tipos de agentes, pode constituir-se num factor muito positivo no trabalho e no comportamento que o aluno manifesta dentro da escola.
            O professor não pode esquecer-se, porém, de que é difícil para os pais ouvir críticas referentes aos filhos por parte da instituição. Exige-se, pois, uma grande delicadeza quando há que fazer algum reparo, seja ele escrito ou oral, a respeito de um aluno. Um tom seco, imperativo e admoestador para com a família contribui mais para o afastamento desta da escola do que para a aproximação entre as duas instituições.
            Chamar os pais à escola e recebê-los de forma displicente, distante, sem privacidade e com distanciamento físico, atrás de uma secretária, são atitudes aparentemente irrelevantes mas que podem marcar a diferença entre a aceitação e a recusa da mensagem que a escola pretende transmitir.
            Só num clima de confiança mútua, de cooperação e de proximidade com a família se poderão ultrapassar os problemas que uma criança ou jovem, em determinada altura do seu desenvolvimento, porventura, esteja a viver.

                                        Mário Freire