quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O TEMPO NO PROCESSO EDUCATIVO


              A educação é um dos principais instrumentos para modificar a sociedade e contribuir para que nela haja menos ignorância, menos desigualdades, menos submissão e mais desenvolvimento. Por isso, ela sendo importante, exige tempo. Mas para que essa modificação da sociedade se possa efectivar e tornar-se mais humanizada é preciso dar mais atenção àqueles que, dentro do sistema educativo, são os mais débeis, os que mais dificuldades têm em aprender, os que, devido às circunstâncias adversas das suas infâncias, ficaram com traumatismos psicológicos que os tornam rejeitados pelo sistema.
            A aprendizagem tem que respeitar os ritmos de cada um. Mas se o ensino se apresenta de modo a querer que todos aprendam a um mesmo ritmo, num mesmo tempo, então está a favorecer-se o aparecimento das desigualdades e a gerar-se a exclusão social.
            As mudanças que nos últimos cinquenta anos tiveram lugar no domínio educacional levaram a que se formulasse o seguinte princípio universal: o de que toda as pessoas são susceptíveis de serem educadas. Mas, para que tal possa acontecer, torna-se necessário que se preste atenção aos ritmos individuais de aprendizagem e estes variam de pessoa para pessoa. Naquelas com mais dificuldades, esse ritmo será necessariamente mais lento. É preciso, pois, dar-lhes mais tempo.
            Quando se fala em educação, vêm logo à mente os métodos utilizados, os materiais didácticos em uso, a competência dos professores, os meios financeiros disponibilizados, a adequação dos edifícios escolares às necessidades do ensino e, naturalmente, os alunos. É para eles que todas as outras variáveis convergem. Mas essa convergência nem sempre tem, na devida conta, o tempo que eles necessitam para fazerem uma aprendizagem eficaz, sustentada, pensada, interiorizada. Precisamos de tempo para pensar! Precisamos de tempo para aprender! Precisamos de tempo para viver!

                                                                                      Mário Freire