Confundem-se, frequentemente, as situações importantes com as situações urgentes. Mas, pior ainda, é muitas vezes ao nível do Estado que essa confusão se torna mais saliente e com resultados mais desastrosos.
Uma situação importante necessita de tempo e de estudo para ser realizada. Por isso, um teste escolar, mas também um outro qualquer acontecimento de relevo de natureza pessoal, profissional…, que exija planeamento, contactos a efectuar, etc., e com data marcada, tem que ser preparado com tempo. Ir adiando a preparação desse acontecimento significa torná-lo urgente. Ora, é sabido que nas urgências (não se fala nas de natureza médica, efectuadas em ambiente hospitalar, porque essas deverão estar devidamente planeadas) atacam-se as situações de improviso e com o que estiver à mão. Contudo, quase sempre o improviso e o que está à mão constituem a pior maneira de resolver os problemas.
A escola poderia ser, então, um espaço privilegiado para se ensinar a prática da distinção entre importância e urgência. O aluno deveria aprender que há tarefas, como a realização de um teste que, sendo importantes, exigem um tempo de preparação. E esse tempo não pode reduzir-se a uma hora (quantas vezes, nem isso!) na véspera. Ora, essa aprendizagem, sendo eleita como prioridade no desenvolvimento escolar e pessoal, seria monitorizada através da acção da própria escola.
A família, igualmente, deveria constituir-se como um reforçador desta atitude de responsabilidade perante uma tarefa que, com prazo, tem que ser realizada na escola mas, também, em qualquer outro ambiente e de outra natureza.
Quando o Estado, nas diferentes formas que ele assume, nem sempre dá exemplos de preparação e de planeamento, perante decisões de interesse nacional, regional ou local, poderá exigir-se das famílias e dos alunos que tomem decisões adequadas, devidamente ponderadas, em tempo oportuno?
Mário Freire