quarta-feira, 21 de setembro de 2011

VIAS DE REALIZAÇÃO - 2

                                                   Via iluminativa

Esta via -  igualmente designada “via intuitiva”, “via regenerativa” “via da conversão” – em que convergem, numa síntese, a inteligência e o amor - tem o carácter de uma alquimia espiritual na qual se opera uma purificação. Dante fala da “luz intelectual cheia de amor.” O termo grego agapé traduz esta síntese e nos autores místicos é designada o “Caminho da Luz”, relacionado com a iluminação, em que há um despertar interior, quer em série, quer por etapas, quer de carácter permanente. Roberto Assagioli explica que é mediante esta via que Gautama adquire o estado de Buda o iluminado. Em termos psicológicos, Abraham Maslow utiliza o termo de “experiência do auge.”
É de notar que a via iluminativa inclui os diferentes estádios de inspiração, não sendo limitada às grandes epifanias de teor místico. Em psicossíntese, esta via é relacionada com a união entre a personalidade e o Eu transpessoal ou espiritual. Neste processo, pode haver interferência da vontade amorosa, em atitude de acolhimento, mediante quer a aspiração relativa à descida das energias supraconscientes para o campo da consciência, quer procurando elevar o nível da consciência em que muito conta a eficácia da meditação. É porém a intuição que tem um papel preponderante, espontaneamente exercido.
Relativamente a esta via, há que ter em conta quanto a psicossíntese individual se relaciona com as dimensões social e universal, evitando um intimismo privatizado. O exclusivismo nos esvazia. Viktor Frankl aponta para a transcendência e complementaridade, fazendo ver que “nos realizaremos a nós próprios por acréscimo.” Na díade amor-iluminação, a motivação é o amor oblativo e a luz recebida leva à transparência que dissipa as trevas, mediante a luz interior.

                                                               João d’Alcor