quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O ENSINO NA 1ª REPÚBLICA - 10

                                       (A propósito de uma exposição)

                                                  O Ensino Profissional

            Se, como se viu em textos anteriores, o ano de 1836 foi importante para a criação do ensino liceal, igualmente nesse ano teve lugar a fundação das Conservatórias de Artes e Ofícios de Lisboa e Porto. Estas escolas foram como que as precursoras do Ensino Industrial. Só em 1852, porém, é que este tipo de ensino adquire uma certa estrutura, passando a ter três níveis. Ele irá sofrer várias modificações e, gradualmente, espalhar-se-á por diferentes cidades do País, muito especialmente naquelas onde já existia uma vocação industrial.
            Com a implantação da República, e de modo idêntico ao que tinha ocorrido com o ensino primário, o Ensino Profissional foi objecto da maior atenção.
A História da Formação Profissional e da Educação em Portugal de Carlos Fontes é um estudo online que dá uma perspectiva das vicissitudes por que foi passando este tipo de ensino desde a Idade Média até aos nossos dias. Retiro dele algumas notas para assinalar as mudanças que foram ocorrendo no ensino da indústria e do comércio nesses primeiros tempos da República.
Brito Camacho, em 1911, estava à frente do Ministério do Fomento. Ele considerava que o atraso profundo em que o País mergulhava decorria da insuficiência do Ensino Profissional. São desta altura, entre outras alterações, a criação do Instituto Superior Técnico e do Instituto Superior de Comércio, resultantes do desdobramento do Instituto Industrial e Comercial de Lisboa. O Instituto Superior de Comércio originou, por sua vez, o actual ISEG.
Em 1916 coloca-se a necessidade de uma reforma profunda do ensino industrial e comercial. Nada se adianta, porém, a não ser uma nova nomenclatura para os vários tipos de escolas.
Com a passagem deste Ensino, em 1918, para o Ministério do Comércio e Comunicações, sendo ministro Azevedo Neves, procedeu-se a uma reforma mais profunda do mesmo, em que a Associação dos Engenheiros foi parte activa. Os princípios da descentralização, da separação (industrial, comercial e artístico) e da diferenciação (elementar, médio e superior) presidiram a esta modificação estrutural. Depois dessa data, alguns arranjos de natureza formal tiveram lugar mas, verdadeiramente, foram os anos de 1911 e 1918 que marcaram as alterações e avanços dos ensinos industrial e comercial na 1ª República. 

                                                                      Mário Freire