A frase que dá título
a esta crónica foi extraída da conhecida Carta do Chefe Índio divulgado pelas
Nações Unidas, em 1976, quando das comemorações do Dia Mundial do Ambiente. Ela
está inserida na resposta dada em 1854 pelo Chefe Índio Seattle ao Grande Chefe
Branco de Washington quando este, em nome do Governo, lhe propôs comprar uma grande
extensão de terras índias, oferecendo em contrapartida a concessão de uma
reserva.
Trata-se de um
documento que, estando escrito de uma forma poética, traduz um genuíno amor
pela Natureza mas, também, um apelo veemente ao respeito por tudo aquilo que,
não tendo sido obra do homem, este utiliza para viver.
“As rochas escarpadas,
os húmidos prados, o calor do corpo do cavalo e do homem, todos pertencem à
mesma família”, diz-se na Carta. Mas se nesta família se tratam tão mal os que
se assemelham, como não hão-de ser tratados os diferentes!
Este documento, que
está disponível em vários sítios da internet, valeria a pena ser lido pelos
alunos em aula e devidamente comentado e, até, se possível, dramatizado.
Este texto veio-me à
memória ao ler o discurso que o Papa Francisco proferiu no Parlamento Europeu
em Estrasburgo, em 25 Novembro passado. Nele se diz que não somos os senhores
da Natureza. “Guardiões, mas não senhores”. Mas o que se verifica
frequentemente, nesta sociedade onde o lucro a qualquer preço parece
condicionar tudo é, segundo o Papa, a “soberba pelo domínio, pela posse, pela
manipulação e pela exploração”. “Não a respeitamos (a Natureza), não a
consideramos como um dom gratuito do qual cuidar”.
Talvez as palavras do
Chefe Índio possam ainda ser ouvidas por aqueles que, tendo o poder, o usam
para destruir o ambiente e lhes seja possível ensinar “que a terra é nossa mãe.
Tudo quanto acontecer à terra acontecerá aos filhos da terra. Se os homens
cospem no solo, cospem em si próprios.”
Mário Freire