De entre as múltiplas
razões que levam o/a adolescente a começar a fumar, elenco três: necessidade de
afirmação pessoal, desejo de aceitação pelo grupo e imitação de adultos
relevantes.
A necessidade de
afirmação talvez tenha a ver com o desejo de influenciar os outros, de ser
ouvido. Mas, para isso, há que mostrar que se sabe o que se quer, que se é
autónomo. Em princípio, só os adultos fumariam; ser adulto significaria
emancipação, controlo da sua vida. Por isso, ao fumar, o rapaz e a rapariga podem
querer estar a enviar a mensagem de que são pessoas que sabem ultrapassar as
convenções, que são sociáveis, descontraídos e que já têm autonomia.
O grupo de amigos, por
sua vez, é tão importante para o adolescente como a família. Eles e elas
precisam do grupo para conviverem e desenvolverem as suas capacidades sociais.
É aí que começam a forjar-se as lideranças, a capacidade de negociação, o
testar das afectividades… As suas ideias são melhores recebidas no grupo do que
na família. Ora, se existe uma parte significativa de fumadores/as no grupo,
por que estar a destoar dessa maioria?
Quanto à imitação, ela
tem lugar em relação a alguém a quem se atribui um estatuto elevado ou que
merece a confiança. Imita-se, frequentemente, para reforçar a auto-estima. Pai,
mãe ou irmãs/os mais velhos, fumadores, tendem a ser modelos, que mais não
seja, no comportamento do fumo, para os seus familiares mais próximos. E os
adolescentes, imitando-os, sentem-se, não só desculpabilizados como, também,
autorizados a assumir o comportamento que estão a adquirir.
Fumar é, pois, um
comportamento que radica em motivações psicológicas e sociais. Conhecer as
causas deste comportamento tão difundido entre a juventude pode ser o melhor
meio para se ensaiarem as vias de o combater. A família, em primeiro lugar,
mas, também a escola seriam as instituições onde esse combate deveria iniciar-se.
Será que elas estão capacitadas ou o desejam fazer?
Mário Freire