quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

POR QUE SE COMEÇA A FUMAR

                                 


De entre as múltiplas razões que levam o/a adolescente a começar a fumar, elenco três: necessidade de afirmação pessoal, desejo de aceitação pelo grupo e imitação de adultos relevantes.
A necessidade de afirmação talvez tenha a ver com o desejo de influenciar os outros, de ser ouvido. Mas, para isso, há que mostrar que se sabe o que se quer, que se é autónomo. Em princípio, só os adultos fumariam; ser adulto significaria emancipação, controlo da sua vida. Por isso, ao fumar, o rapaz e a rapariga podem querer estar a enviar a mensagem de que são pessoas que sabem ultrapassar as convenções, que são sociáveis, descontraídos e que já têm autonomia.
O grupo de amigos, por sua vez, é tão importante para o adolescente como a família. Eles e elas precisam do grupo para conviverem e desenvolverem as suas capacidades sociais. É aí que começam a forjar-se as lideranças, a capacidade de negociação, o testar das afectividades… As suas ideias são melhores recebidas no grupo do que na família. Ora, se existe uma parte significativa de fumadores/as no grupo, por que estar a destoar dessa maioria?
Quanto à imitação, ela tem lugar em relação a alguém a quem se atribui um estatuto elevado ou que merece a confiança. Imita-se, frequentemente, para reforçar a auto-estima. Pai, mãe ou irmãs/os mais velhos, fumadores, tendem a ser modelos, que mais não seja, no comportamento do fumo, para os seus familiares mais próximos. E os adolescentes, imitando-os, sentem-se, não só desculpabilizados como, também, autorizados a assumir o comportamento que estão a adquirir.
Fumar é, pois, um comportamento que radica em motivações psicológicas e sociais. Conhecer as causas deste comportamento tão difundido entre a juventude pode ser o melhor meio para se ensaiarem as vias de o combater. A família, em primeiro lugar, mas, também a escola seriam as instituições onde esse combate deveria iniciar-se. Será que elas estão capacitadas ou o desejam fazer?


                                                      Mário Freire