sexta-feira, 13 de junho de 2014

SABER LER OS SINAIS


            Em crónica anterior referia-se a importância que pode ter na aprendizagem o comportamento do professor, a partir daquilo que ele vai observando no aluno. Ora, este está constantemente a enviar ao professor sinais que devem suscitar naquele ou a confirmação do caminho adequado ou a necessidade de reorientar os seus procedimentos pedagógicos. Para perceber estes sinais basta estar atento quer ao comportamento do aluno na sala de aula, quer ao rendimento da turma.
            Quantas vezes é a falta de leitura dos sinais por parte de um conferencista, em relação a um auditório, que torna a sua mensagem praticamente inútil? Bocejar, mexer-se continuamente na cadeira, olhar para cima ou para o lado, falar com outros, ver as horas…, eis um sem número de sinais que, assumindo uma frequência crescente, devem fazer o conferencista reorientar o seu discurso, quer mudando de tom ou de intensidade, quer introduzindo uma nota discordante com o que estava a ser transmitido, quer reduzindo a extensão do seu discurso…
            Ora, muitos destes sinais e outros têm lugar na sala de aula por parte dos alunos, principalmente se o professor se assume, quase exclusivamente, como elemento central da lição.
Numa altura em que a interacção faz parte da identidade do aluno, em que somos bombardeados por informações via TV, rádio, internet, emails, mensagens no facebook, twitter…, vivemos num estado a que os peritos chamam de CPA — continuous partial attention. Ora, este estado conduz a que, com dificuldade, dediquemos totalmente a atenção a uma tarefa que seja importante.
Cabe, pois, ao professor, seja ele do básico, secundário ou superior, mas também ao palestrante, padre durante a homília, etc., adequarem as suas mensagens aos públicos destinatários, caso não queiram que estas não só se convertam em objectos inúteis como se voltem contra quem as emitiu!


                                            Mário Freire