Em
crónica anterior referia-se a importância que pode ter na aprendizagem o
comportamento do professor, a partir daquilo que ele vai observando no aluno.
Ora, este está constantemente a enviar ao professor sinais que devem suscitar
naquele ou a confirmação do caminho adequado ou a necessidade de reorientar os
seus procedimentos pedagógicos. Para perceber estes sinais basta estar atento quer
ao comportamento do aluno na sala de aula, quer ao rendimento da turma.
Quantas vezes é a falta de leitura
dos sinais por parte de um conferencista, em relação a um auditório, que torna
a sua mensagem praticamente inútil? Bocejar, mexer-se continuamente na cadeira,
olhar para cima ou para o lado, falar com outros, ver as horas…, eis um sem
número de sinais que, assumindo uma frequência crescente, devem fazer o
conferencista reorientar o seu discurso, quer mudando de tom ou de intensidade,
quer introduzindo uma nota discordante com o que estava a ser transmitido, quer
reduzindo a extensão do seu discurso…
Ora, muitos destes sinais e outros
têm lugar na sala de aula por parte dos alunos, principalmente se o professor
se assume, quase exclusivamente, como elemento central da lição.
Numa
altura em que a interacção faz parte da identidade do aluno, em que somos
bombardeados por informações via TV, rádio, internet, emails, mensagens no
facebook, twitter…, vivemos num estado a que os peritos chamam de CPA — continuous
partial attention. Ora, este estado conduz a que, com dificuldade, dediquemos
totalmente a atenção a uma tarefa que seja importante.
Cabe,
pois, ao professor, seja ele do básico, secundário ou superior, mas também ao
palestrante, padre durante a homília, etc., adequarem as suas mensagens aos
públicos destinatários, caso não queiram que estas não só se convertam em
objectos inúteis como se voltem contra quem as emitiu!
Mário Freire