sábado, 7 de dezembro de 2013

"MUDAM-SE OS TEMPOS, MUDAM-SE AS VONTADES"


            Morreu, aos 95 anos, Madiba, assim lhe chamavam, carinhosa e afectivamente, os que o admiraram, respeitaram e amaram. Estamos de luto, de verdade, todos os que puderam conhecer a vida e a obra desta figura ímpar, bondosa, tolerante, sorridente e bonita, moral e fisicamente.
     No dia 11 de Junho de 2008, o deputado António Filipe, do PCP, numa intervenção no Parlamento, por altura da comemoração do 90º aniversário de Mandela, disse para os que não sabiam e lembrou aos interessados em fazer esquecer que, em 1987, há pouco mais de um quarto de século, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, com 129 votos, um apelo para a libertação incondicional de Nelson Mandela, e que os três países que votaram contra foram os Estados Unidos da América, de Ronald Reagan, a Grã-Bretanha, de Margaret Thatcher, e Portugal, de Cavaco Silva, na altura Primeiro Ministro.
         No site da Presidência da República, datada de 5 de Dezembro de 2013, pode ler-se a mensagem de condolências enviada pelo Senhor Professor Cavaco Silva ao seu homologo Jacob Zuma pela morte de Nelson Mandela, que aponta como “figura maior da África do Sul e da História mundial”. Nesta mensagem, o Professor afirma que “Nelson Mandela deixa um extraordinário legado de universalidade que perdurará por gerações”. Realça “O seu exemplo de coragem política, a sua estatura moral e a confiança que depositava na capacidade de reconciliação constituem verdadeiras lições de humanidade”. E acrescenta, lembrando que “A dedicação de Nelson Mandela aos valores da democracia, da liberdade e da igualdade invadiu os corações de todos quantos o admiram, na África do Sul ou em outro lugar, incutindo esperança, mesmo diante dos desafios mais difíceis”.
       O Professor afirma, ainda, que “A atribuição do Prémio Nobel da Paz a Nelson Mandela e a sua eleição massiva para a mais elevada Magistratura da África do Sul simbolizaram o merecido reconhecimento de um político de causas e uma vitória para os Direitos Humanos no mundo”. Nesta dualidade de posições, flagrantemente antagónicas, duas conclusões se poderão tirar: ou o nosso Presidente mudou radicalmente de opinião ou as palavras que agora subscreve são pura hipocrisia.

                                       Galopim de Carvalho