Ciclo petrogenético. (Imagem retirada de
sofiablogecn.blogspot.com).
Termo erudito do glossário geológico, palingénese radica nos
étimos gregos palim, que quer dizer
de novo, e génesis, que significa
acto de gerar. Em linguagem vulgar é o mesmo que renascer. O termo foi usado por
alguns autores para referir a fase do ciclo petrogenético que conduz à formação
do granito por fusão dos sedimentos de que são feitas as montanhas, no seu interior
profundo, durante a respectiva formação. Para outros autores, o mesmo processo
toma o nome de anatexia (do grego aná,
novo, e teptikós, fundir).
Na
formação de uma montanha, em consequência do fecho de um oceano e da colisão das
massas continentais que o ladeavam (um processo que pode demorar quatro a cinco
dezenas de milhões de anos), parte dos sedimentos acumulados nos fundos e nas
margens desse oceano e cujas espessuras podem atingir milhares de metros, são
forçados a mergulhar algumas dezenas de quilómetros, em profundidade. No
referido mergulho, os sedimentos vão ficando sujeitos a temperaturas e pressões
cada vez mais elevadas, sofrendo modificações nas respectivas texturas e
composições mineralógicas. A tais modificações, quando ainda processadas no
estado sólido, convencionou-se chamar metamorfismo e as rochas dele resultantes
são adjectivadas de metamórficas. Por exemplo, os sedimentos terrígenos
habitualmente referidos por pelitos (argila mais partículas muito finas de
quartzo e de outros minerais), quando submetidos a condições moderadas de
temperatura e pressão, transformam-se nos conhecidos xistos argilosos e nas
ardósias ou lousas. Os que desceram um pouco mais deram origem aos filádios,
também chamados xistos luzentes, uma vez que a componente argilosa se
transformou em minerais algo brilhantes (ou luzentes), como a sericite, a
clorite ou o talco. Mais profundamente, formaram-se os micaxistos e, ainda mais
abaixo, os gnaisses.
A
profundidades na ordem dos 30 quilómetros, a temperatura pode atingir os 700 a
800 oC, e a pressão
ultrapassar as 4000 atmosferas. Neste ambiente e na presença de água (contida
na composição das argilas) tem lugar a fusão parcial das rochas, ou seja, a
fusão dos minerais menos refractários (quartzo e feldspatos). Entra-se aqui no
domínio do ultrametamorfismo e o processo, como se disse atrás, toma o nome de
anatexia ou palingénese, dando origem, primeiro, a migmatitos
e, finalmente, no caso de fusão total, ao renascimento do granito. Os granitos do soco hercínico (ou
varisco)
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- Sabemos que o planeta conserva, no seu interior, grande parte do calor
original e o que resulta da desintegração de certos isótopos radioactivos,
presentes na constituição de algunsminerais (feldspatos, micas e outros) de
rochas como, por exemplo, os granitos.
- Migmatito – rocha
ultrametamórfica, gerada por palingénese ou anatexia, de que resulta uma
composição granitóide, na qual uma parte foi fundida e outra, mais refractária,
permaneceu no estado sólido. Ao nível do terreno, situa-se na passagem das
rochas metamórficas da catazona, como é o gnaisse, ao granito franco.
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português, de norte a sul, são granitos renascidos por esta via, numa
orogenia ocorrida há 360-300 milhões de anos.
Quem
frequentou a escola nas últimas décadas, talvez se recorde da tectónica de
placas, a teoria que fala de continentes à deriva, quais imensas jangadas de
pedra, de oceanos que se abrem e que, milhões de anos depois, se fecham. Talvez
se lembre do ciclo geotectónico global, proposto pelo geofísico canadiano John Tuzo Wilson (1908-1993), segundo o qual as massas continentais
resultantes da fragmentação de um supercontinente se tornam a reunir num novo
supercontinente, com uma periodicidade média avaliada na ordem de 400 a 500
milhões de anos, fazendo renascer montanhas. Renascer, porque as rochas
que as edificam correspondem à transformação de sedimentos acumulados durante
milhões de anos nesses oceanos, sedimentos que resultaram da erosão de
montanhas anteriores.
Renascer é um processo que remonta aos primórdios do Universo. Na
sequência das explosões das primeiras estrelas, surgidas, segundo se crê, há 12
500 milhões de anos (mil milhões de anos depois do Big Bang), nasceram outras por aglutinação dos respectivos despojos
(gases e poeiras) lançados no espaço. O nosso Sol renasceu, assim, de uma
estrela anterior, num processo cuja história julgamos poder contar, olhando o
céu com os equipamentos adequados.
Os petrólogos falam de magma primário sempre que se
referem à lava incandescente a brotar de um determinado vulcão. Adjectivam-no
assim porque admitem que ele surge directamente do manto superior,
por fusão parcial ou
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hercínico – ciclo orogénico situado
entre o Devónico superior e o Pérmico, representado por diversas cadeias, com
destaque para os Urais, Europa do Sul e Norte de África. Na Europa,
o orógeno é formado pela soldadura dos escudos Africano e
Báltico. Do nome latino da Floresta Negra (Hersynia
silva), na Alemanha. O mesmo que
varisco.
- varisco – o mesmo que hercínico. Do nome dos
habitantes da Curia Variscorum, versão
latina de Hof, na Baviera.
Momento do resgate de um dos mineiros, em 13.10. 2010 (imagem retirada de
cienciahoje.pt)
No final
da Idade Média, fazendo a transição para a Idade Moderna, teve lugar em
Itália, nomeadamente nas cidades de Florença e Siena, um período marcado por
transformações em muitas áreas da vida humana, em particular nas artes, na filosofia e nas ciências, com evidentes
reflexos na sociedade, na economia, na política e na religião, na Europa.
Foi a ruptura com as estruturas antigas e em transição gradual do feudalismo para o ideal humanista e naturalista. O historiador, pintor e
arquitecto italiano Giorgio Vasari (1511-1547)
designou este florescente período da chamada civilização ocidental, por
Renascimento, em virtude de ter feito renascer e revalorizar as
referências culturais da Antiguidade Clássica..
Renasceram
cidades depois de destruídas por catástrofes naturais ou pelas guerras. Renascem
para a vida as mulheres e os homens que se libertam dos agentes opressores,
sejam eles outros homens ou mulheres ou as tristemente célebres substâncias
psicoactivas. Renascem os cravos vermelhos, todos os ano, sem Abril e, logo a
seguir, nos campos, as espigas do trigo e as papoilas, ao mesmo tempo que, nas
cidades, avenidas, praças e jardins se cobrem de um tapete de pétalas lilases
de jacarandás.
Galopim de Carvalho