domingo, 1 de julho de 2012

A QUEM INCUMBE A RESPONSABILIDADE DA EDUCAÇÃO?


             Num estudo elaborado pelo Conselho Nacional de Educação, onde se retrata uma década de educação em Portugal, dão-se algumas informações dignas de relevo sobre o insucesso escolar. Destaco, apenas, aquela que diz que só cerca de metade dos alunos dos 17 anos estavam no 12º ano. Relativamente à outra metade, 30% frequentavam os 10º e 11º anos, 10% eram alunos do Ensino Básico e os restantes 10% tinham abandonado a escola.

            Se aqueles números reflectem, um pouco, as nossas realidades escolares e sociais, torna-se, então, urgente ultrapassá-las. Mais do que lutas de natureza ideológica, precisamos de desenvolver uma política nacional da infância que inclua medidas que permitam contrariar os efeitos da pobreza, muito particularmente no sistema escolar. Torna-se urgente erradicar os determinismos sociais para proporcionar a todos o êxito.

            Como dizem Hintzy, Madignier e Content, dirigentes de três organizações internacionais ligadas ao desenvolvimento, se nada se fizer corre-se um risco social, desenvolvendo uma sociedade a duas velocidades, a dos favorecidos e a dos “deixados por conta” um risco político, dando argumentos aos extremismos mais radicais – um risco económico, deixando de lado os jovens que, sub-diplomados, serão, depois, sub-empregados e que nunca estarão entre os actores do crescimento – um risco moral, não proporcionando a solidariedade das gerações e rompendo o pacto moral que estava estabelecido entre a nação e os seus educadores.

            Assiste-se a críticas cruzadas em que se põem em causa os pais, antiquados, os professores, ultrapassados, as crianças e os jovens, desclassificados. A quem incumbe, então, a responsabilidade da educação?  A resposta, contudo, é evidente: a todos, decisores e cidadãos, os que determinam e os que são determinados pelas nossas escolhas.

Estamos a viver uma hora em que a urgência é à acção e à mobilização de todos numa dinâmica comum e, se possível, de consenso sobre as grandes linhas de intervenção. Já não é a dívida financeira que está em causa mas a dívida social que deixará a nossa sociedade debilitada no seu desenvolvimento.

 

                                                                  Mário Freire