sexta-feira, 13 de julho de 2012

EDUCAR PARA O COMBATE AOS ESTEREÓTIPOS - 2



                                        Os estereótipos sexuais
                            
Já se referiu em crónica anterior que os estereótipos são comportamentos ou atitudes que se filiam em crenças que não são sustentadas nem pela razão, nem pela experiência. Igualmente se disse que eles assumem sempre um carácter redutor da realidade pois tornam mais estreita a visão que dela se tem, retirando-lhe a diversidade.
De entre os vários estereótipos, os sexuais são aqueles com que mais frequentemente nos confrontamos. Eis algumas formas por que podem manifestar-se:                
- as mulheres têm maior sensibilidade que os homens;                            
- os homens são mais agressivos e dominadores que as mulheres;
- há brinquedos mais adequados às raparigas que aos rapazes;
- os homens preferem as Ciências e as mulheres preferem as Letras;
- os homens são mais competitivos; as mulheres são mais cooperativas;                            
- há profissões mais adequadas a homens e há profissões mais adequadas a mulheres.

            Ora a família pode contribuir para a atenuação destes estereótipos de vários modos: no tipo de brinquedos que proporciona às crianças, nas atitudes diferentes que vai tomando em relação a cada um dos irmãos, se de sexos diferentes, nos comportamentos do pai, da mãe e de outras pessoas relevantes que são observadas pelas crianças…
            Mas a escola também tem um papel importante, principalmente nos ensinos pré-primário e básico, no combate a estes estereótipos. Assim, a natureza das actividades lúdicas, proporcionando mais jogos cooperativos aos rapazes e mais jogos competitivos às raparigas e a utilização de modelos de papéis não tradicionais em jogos sócio-dramáticos e em actividades de natureza produtiva são factores que contribuem para a atenuação da estereotipia sexual.
            Por sua vez, a comunidade, ao proporcionar a disponibilidade das empresas serem visitadas pelas escolas e a possibilidade de diferentes profissionais se deslocarem a elas falando do que fazem, principalmente se eles desempenharem papéis não tradicionais, está a dar um contributo de relevo para uma maior oportunidade de escolhas profissionais aos alunos.
            Enfim, ao orientarem-se as expectativas e as crenças, sabendo que elas, condicionando comportamentos, podem constituir-se como factores de valorização humana e ao combaterem-se os estereótipos, sejam eles sexuais, racistas ou xenófobos, está a construir-se uma sociedade mais culta, mais ética e com maiores oportunidades de realização pessoal. É, pois, na família, na escola e na sociedade em geral, onde situações educativas têm lugar, que essa orientação e esse combate devem ser travados.

                                                                           Mário Freire