sexta-feira, 13 de maio de 2011

O ENSINO NA 1ª REPÚBLICA - 1



                                  O ENSINO NA 1ª REPÚBLICA - 1
                                  (A propósito de uma exposição)

                                                Introdução

            Nesta primeira metade do ano de 2011, em que ainda ressoam as comemorações do centenário da implantação da República, talvez tenha interesse um olhar, ainda que furtivo, sobre alguns dos temas que preocuparam os pedagogos do novo regime político que se iniciou em 1910.
Para isso, nada melhor do que ver, sem pressas, a exposição sobre esta temática que se encontra patente ao público até Junho do corrente ano, no Palácio Valadares (antiga Escola Veiga Beirão), ao Chiado, em Lisboa.
            Ela pretende divulgar, segundo os promotores da exposição, “a dimensão educativa do regime republicano, recuperar a memória da escola e da educação republicanas, despertar o interesse pela defesa do património educativo e contribuir para o avanço da investigação em História da Educação.”
            A 1ª República decorreu entre 5 de Outubro de 1910 e 28 de Maio de 1926. O golpe militar do 28 de Maio teve origem na grande instabilidade política, económica e social, a par de uma grave crise financeira que, vindas dos tempos da Monarquia, não se apaziguaram, antes se intensificaram.
            Mas, apesar da inconstância em que se vivia durante aquele período, a 1ª República não deixou de manifestar, através de palavras e actos, alguns dos seus ideais. É certo que nem sempre as boas intenções se conseguiram concretizar e muitos foram os desatinos cometidos. Mas os legados que ela nos deixou ainda hoje são valores educativos que perseguimos, ao pugnar pela erradicação do analfabetismo e na atenção ao desenvolvimento de uma educação que contemplasse os aspectos cívicos, sociais, físicos e artísticos.
            Em 1910, 76,1% da população portuguesa não sabia ler nem escrever. O analfabetismo era considerado o grande inimigo do progresso. Ora, só uma população instruída poderia aderir ao programa da Revolução, segundo os republicanos. E esse programa teria que ser, prioritariamente, de ordem educacional. Para isso, apostou-se numa educação que formasse cidadãos, tentando que as condições sociais de cada um não fossem impeditivas da sua ascensão ao saber e à participação cívica. Nem sempre assim aconteceu pois as mulheres, entre outros, continuaram afastadas do regime eleitoral.    
Irei, então, abordar, em textos futuros, de maneira breve, os diferentes temas incluídos na Exposição e que incluem o ideário de alguns pedagogos da República, a educação cívica e patriótica, os ensinos primário, liceal, profissional e técnico, superior, a mulher e o ensino, terminando com a festa da árvore.

                                                                           Mário Silva Freire