terça-feira, 3 de março de 2015

ENSINAR PARA A LIBERDADE

                                       


O atentado que teve lugar no passado dia 7, em Paris, representa, como foi dito urbi et orbi, um atentado contra a liberdade de expressão. Um atentado que impõe, não só às escolas francesas mas a todas as escolas de modelo ocidental, um desafio: o de fazer interrogá-las sobre os valores que queremos transmitir às novas gerações.
Ora, a liberdade é aquilo que, verdadeiramente, identifica o ser humano. Muitos animais revelam emoções e conseguem aprender. Mas só o ser humano toma decisões. Mas uma tomada de decisão só será verdadeiramente válida se for feita em liberdade.
A liberdade aprende-se. Ela necessita de ser exercida de tal modo que não vá contra o exercício da liberdade do outro. A partir do momento em que a criança começa a adquirir um pensamento lógico, desde os sete anos, ela vai, progressivamente, sendo capaz de entender os argumentos ou as explicações que lhe são dadas. Com o desenvolvimento das capacidades mentais, a criança em idade escolar e, depois, o adolescente, vão estando em condições para, de uma maneira progressiva, usar as suas capacidades de decidir. A escola pode, então, constituir-se como um meio que motive os alunos a tomar decisões, tendo em consideração os dados disponíveis mas, também, as regras e as normas que terão que ser respeitadas.
Ajudar os alunos a tomar decisões implica, igualmente, dialogar com eles, tentando que identifiquem quer as possibilidades, quer as consequências dessas decisões. E nem sempre a decisão mais fácil poderá ser a melhor!
Para bem decidir-se é preciso, pois, assegurar-se de que a liberdade é um pressuposto da tomada de decisão. Mas a decisão em liberdade está associada à responsabilidade. Os professores terão, pois, que auxiliar os alunos a responder pelas suas decisões. É com a assunção das consequências dessas decisões, a nível escolar, que se aprende o valor da liberdade e de quanto ela é importante no respeito das ideias dos outros, afinal, a essência de uma sociedade democrática.


                                                      Mário Freire