O atentado que teve
lugar no passado dia 7, em Paris, representa, como foi dito urbi et orbi, um atentado contra a
liberdade de expressão. Um atentado que impõe, não só às escolas francesas mas
a todas as escolas de modelo ocidental, um desafio: o de fazer interrogá-las
sobre os valores que queremos transmitir às novas gerações.
Ora, a liberdade é
aquilo que, verdadeiramente, identifica o ser humano. Muitos animais revelam
emoções e conseguem aprender. Mas só o ser humano toma decisões. Mas uma tomada
de decisão só será verdadeiramente válida se for feita em liberdade.
A liberdade
aprende-se. Ela necessita de ser exercida de tal modo que não vá contra o
exercício da liberdade do outro. A partir do momento em que a criança começa a
adquirir um pensamento lógico, desde os sete anos, ela vai, progressivamente,
sendo capaz de entender os argumentos ou as explicações que lhe são dadas. Com
o desenvolvimento das capacidades mentais, a criança em idade escolar e,
depois, o adolescente, vão estando em condições para, de uma maneira
progressiva, usar as suas capacidades de decidir. A escola pode, então, constituir-se
como um meio que motive os alunos a tomar decisões, tendo em consideração os
dados disponíveis mas, também, as regras e as normas que terão que ser
respeitadas.
Ajudar os alunos a
tomar decisões implica, igualmente, dialogar com eles, tentando que
identifiquem quer as possibilidades, quer as consequências dessas decisões. E
nem sempre a decisão mais fácil poderá ser a melhor!
Para bem decidir-se é
preciso, pois, assegurar-se de que a liberdade é um pressuposto da tomada de
decisão. Mas a decisão em liberdade está associada à responsabilidade. Os
professores terão, pois, que auxiliar os alunos a responder pelas suas decisões.
É com a assunção das consequências dessas decisões, a nível escolar, que se
aprende o valor da liberdade e de quanto ela é importante no respeito das
ideias dos outros, afinal, a essência de uma sociedade democrática.
Mário Freire